Ciência e igualdade de gênero

Terceira temporada do podcast 'Ciência ao Pé do Ouvido' estreia com o tema: 'o que é gênero?'. (Arte: Viviane Aiko)

Hoje, 8 de março, é marcado como o Dia Internacional da Mulher. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a data para simbolizar a luta histórica de mulheres contra o machismo e a violência e a favor da igualdade de gênero. Muitas conquistas já aconteceram, mas uma pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) mostrou que, durante a pandemia de covid-19, algumas desigualdades se acentuaram. 

A necessidade de distanciamento e isolamento social instaurada pela pandemia fez com que empresas implantassem o regime de home office para seus funcionários. Entretanto, essa mudança atingiu de forma diferente homens e mulheres, como mostrou a pesquisa realizada por Kelly Cristhie Rocha de Melo para seu Trabalho de Conclusão de Curso de Administração pela UFU. O levantamento revela que, durante a pandemia, as mulheres receberam uma sobrecarga de trabalho. 

A autora evidencia que a divisão do trabalho doméstico e os cuidados com os filhos, que historicamente já são atribuídos somente às mulheres, foi intensificado. Sem as escolas e as creches na forma presencial, as mães precisaram cuidar dos filhos em tempo integral. Com a família por mais tempo dentro de casa e sem faxineiras ou diaristas, as tarefas domésticas aumentaram.

Nesse contexto, o home office coloca as mulheres simultaneamente como trabalhadoras e donas de casa em tempo integral. Uma pesquisa feita pelo Datafolha, encomendada pelo C6 Bank, revelou que 57% das mulheres que passaram a trabalhar em home office na pandemia acumularam o serviço da casa, enquanto os homens chegaram a apenas 21%. Além disso, devido à junção de diferentes funções em um só lugar, o estudo menciona a dificuldade de conciliar todas essas demandas com os momentos de lazer e descanso.

Estudos de gênero e as desigualdades entre homens e mulheres

Essas dificuldades enfrentadas pelas mulheres na sociedade e a desigualdade de gênero já são, há algum tempo, discussões abordadas pelos Estudos de Gênero. Na UFU, os primeiros estudos de gênero começaram nos anos 1990. Hoje, há mais de 4.200 trabalhos concluídos (que podem ser acessados no repositório).

A professora Maria Elizabeth Ribeiro, do Instituto de História (Inhis/UFU) e integrante do Núcleo de Estudos de Gênero (Neguem), explica que os Estudos de Gênero surgiram justamente para trazer uma nova visão sobre o que é gênero e sexualidade, indo além do que já era estudado tendo como base o homem, europeu e branco. 

Dentro disso, a professora Jorgetânia Ferreira, também do Inhis/UFU e integrante do Neguem, complementa que o gênero diz respeito às diferenças e hierarquias socialmente construídas. De acordo com ela, essas hierarquias foram estabelecidas, na sociedade brasileira, para colocar a mulher em um lugar de menos poder do que o homem. Por isso, ela aponta a importância das pesquisas de gênero se debruçarem sobre as diferenças socialmente construídas.

Na mesma linha dos Estudos de Gênero, que buscam evidenciar os papéis, lugares, necessidades e direitos das mulheres, a UFU promove, a partir de hoje, o "Mês do Respeito 2021". Nesta edição, o tema é “Só existe liberdade em medo”. Confira a programação. 

As questões de gênero são temáticas abordadas também nos primeiros episódios de 2022 do “Ciência ao Pé do Ouvido”, o podcast  Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU). Hoje foi ao ar o episódio que discute “O que é gênero?" e, na próxima terça-feira (15), a conversa continua abrindo espaço para o tema “Ciência e igualdade de gênero”.

Para entender mais sobre os assuntos tratados nessa reportagem, acesse o podcast pelo Anchor, Spotify, Apple Music, Amazon e demais plataformas de streaming.  

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