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História

Do rádio ao podcast

Na semana em que se comemora o Dia Mundial Do Rádio, leia uma reportagem especial sobre a evolução do meio de comunicação mais democrático do jornalismo e como a UFU se insere nesse processo

Publicado em 15/02/2024 às 08:10 - Atualizado em 22/02/2024 às 17:33

Invenção é do Século XIX, mas permanece em alta. (Imagem: Pinterest)

 

Desde a disseminação do rádio no Brasil, entre as décadas de 1920 e 1930, principalmente no governo de Getúlio Vargas, as pessoas passaram a dedicar uma parte de seu dia para escutar notícias, novelas, músicas e eventos esportivos por meio dos aparelhos de som. O radiojornalismo, por sua vez, tem seu pontapé inicial durante a Revolução Constitucionalista (1932) e se desenvolve durante a Segunda Guerra Mundial (1932-1945), momento em que as informações do conflito se tornam importantes tanto para o governo quanto para a população, fazendo com que o repórter e o locutor ganhem mais espaço e desenvolvam a técnica jornalística. 

Quando a TV surgiu, esperava-se que o rádio fosse totalmente substituído, porém o meio se manteve em alta, pois o sinal de televisão não cobria todos os lugares, diferentemente do rádio. Com o surgimento da internet, dos smartphones e outros dispositivos móveis, o rádio foi incorporado a essas novas tecnologias até o desenvolvimento da web rádio e do podcast, mostrando-se um meio de comunicação versátil e democrático na área jornalística.

Para Heuler Reis, uma das vozes do podcast “Hoje na UFU”, o rádio não se tornou obsoleto, visto que não deixou de ser consumido e se reinventou com o tempo. “O podcast é uma continuação, uma evolução natural do rádio. Então, o rádio só ganhou mais força”, opina.

No meio da comunicação, o rádio se mantém forte como influenciador da opinião pública. De acordo com uma pesquisa divulgada em 2021 pela empresa MRI-Simmons, grande analista de mercado dos Estados Unidos, o rádio é considerado a mídia mais confiável, com a credibilidade de 67% dos estadunidenses, deixando para trás o jornal impresso (66%), a televisão (61%), a internet (57%), a revista (52%) e as redes sociais (32%). No Brasil, 64% da população diz confiar no rádio para se informar, segundo a Inside Audio 2023, pesquisa realizada anualmente pela Kantar IBOPE Media.

 

A reinvenção do rádio

É comum os programas de rádio da atualidade contarem com apresentadores e locutores, mas nem sempre foi assim. Nos primórdios das emissoras de rádio, os locutores utilizavam recortes de jornais, visto que não havia repórteres. Ao perceber o potencial comunicativo do rádio, o então presidente Getúlio Vargas incentivou o setor com propagandas e o utilizou para mobilizar a população a apoiá-lo durante a Revolução Constitucionalista (1932). Contratação de artistas para a programação musical, radionovelas e transmissões esportivas foram se popularizando nos lares brasileiros. Era comum uma família se reunir em torno do aparelho para ouvir os programas.

Entre os anos 1940 e 1950, ocorreu a elaboração do rádio transistorizado, isto é, um aparelho menor que oferece mais mobilidade, o que fez o consumo da mídia aumentar e individualizar sua escuta muito antes dos celulares modernos. Também nos anos 1950, o som automotivo foi popularizado com a implantação da frequência modulada (FM), que diminuiu os chiados da modulação em amplitude (AM). No final dos anos 1970, a fusão com os walkmans portáteis, que tinham toca-discos, toca-fitas e rádio, incentivou ainda mais a escuta de maneira remota. 

A popularização da internet possibilitou a incorporação do rádio aos meios digitais, surgindo, assim, a web rádio, nos anos 1990. A partir daí, o rádio como se conhece hoje toma forma: programas on-line, sites, podcasts nas plataformas de streaming (como YouTube, Spotify, Deezer, Castbox etc). Mais de 100 anos depois da primeira transmissão de rádio no Brasil, a mídia permanece como uma das mais influentes, já que cerca de 83% da população diz escutar rádio, conforme a pesquisa citada acima.

 

Podcast, um fenômeno que chegou na UFU

Quatro pessoas realizando gravações de um podcast num estúdio de áudio
Gravação da 5ª temporada do podcast 'Ciência Ao Pé do Ouvido', que estreia em março. (Foto: Marco Cavalcanti)

Nos últimos anos, com a internet consolidada no corpo social, os podcasts se tornaram febre e passaram a representar o principal meio de consumo de áudio. Programas informativos de grandes jornais, culturais, educativos e religiosos são alguns dos gêneros favoritos do brasileiro. A mídia também foi agregada pelas universidades, no intuito de divulgar as pesquisas desenvolvidas em seus campi e informar alunos e professores a respeito de suas programações acadêmicas. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por meio da Diretoria de Comunicação Social (Dirco), conta com os podcasts “Ciência ao Pé do Ouvido” e “Hoje na UFU”.

O “Ciência ao Pé do Ouvido” é produzido pela Divisão de Divulgação Científica (Didic/Dirco/UFU) e tem como objetivo levar o que é produzido dentro da universidade para a população, buscando ir além do público acadêmico. Lançado em fevereiro de 2020, o podcast aborda ciências e cotidiano e traz especialistas para uma conversa leve, mas que compartilhe a produção acadêmica com toda a sociedade.  “Esse é justamente o objetivo do 'Ciência ao Pé do Ouvido'; levar para a população assuntos de ciência e cotidiano de uma forma simples e ‘ao pé do ouvido’”, declara Túlio Daniel, jornalista formado pela UFU, que atua no projeto desde 2021, quando ainda era estagiário, e, atualmente, é editor de produção. Além disso, segundo ele, o podcast é um meio de tornar as produções científicas acessíveis para a população, pois é uma mídia que tem ganhado muita popularidade, também sendo aberto para interação com os ouvintes, como nos episódios “Pergunte a um(a) cientista”. 

Sobre sua rotina no podcast, o jornalista explica que a produção demanda muita energia de toda a equipe. Ele comenta: “Toda a parte de organização e acompanhamento é feita por mim, desde organização das datas de publicação, divisão de temas, acompanhamento de roteiro, trabalho das designers, até a publicação final na plataforma.”

Também jornalista da Divisão de Divulgação Científica da UFU, Diélen Borges trabalha como editora de conteúdo, ou seja, na revisão de roteiro, das legendas e conteúdo de divulgação, das artes, e na audição de um episódio finalizado para ver se está tudo correto.

Locutores do 'Hoje na UFU' realizando a gravação de mais um programa
Josielle Ingrid e Heuler Reis são as vozes do podcast 'Hoje na UFU'. (Foto: Abrão Jr.)

Já o “Hoje na UFU”, que completa um ano de existência no próximo dia 27 de fevereiro, é um podcast produzido pela Dirco, com formato de jornal diário, cujo objetivo é veicular as notícias mais importantes, seja do dia ou da semana, não só para a comunidade interna (alunos, professores etc.), como também para o público de fora da UFU. O podcast é apresentado pela operadora de rádio e telecomunicações Josielle Ingrid e por Heuler Reis - este, que atua na sua produção desde o final de julho de 2023,

No dia a dia, a du´pla faz a apuração e estabelece o prazo de vencimento das principais notícias publicadas pela equipe Dirco no portal Comunica UFU. Reis comenta: “Se deixo passar o prazo, perdi a notícia, não informei nada, já não tem o valor de notícia”. Após a apuração, eles montam o roteiro com as notícias mais relevantes do dia, sobretudo as pautas emergenciais, realizam a gravação, procurando não passar dos quatro minutos, trabalham na pós-produção, ou seja, edição, trilha sonora, corte de erros, montam o produto final e, por fim, programam o episódio para o dia seguinte.

 

A recepção dos podcasts da UFU

Assim como na pesquisa realizada pela Kantar IBOPE Media, o rádio está em constante evolução, modernizando-se com os avanços tecnológicos, aderindo a novos formatos e também à internet. O relatório DataReportal 2023 demonstrou uma popularidade dos podcasts, sendo o Brasil o país que mais consome tal mídia, com 42,9% dos usuários da internet, entre 16 e 64 anos.

Para Renata Neiva, atual diretora de Comunicação Social da UFU e que trabalha com o ramo de podcast há quatro anos, a adesão da UFU a esse meio de comunicação é um reflexo dessa popularidade. Em entrevista, ela argumenta: “Apostamos na valorização do formato [de podcast] como mídia. Uma mídia que oferece fidelização e retenção. Enquanto ouve o podcast, você pode desempenhar outras tarefas do dia a dia, como dirigir, limpar a casa, pegar um ônibus, fazer exercício físico etc.”

Neiva faz parte do Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais (Cogecom) e relata que a visão de outras universidades sobre os podcasts da UFU é muito positiva: “Em nossos encontros, compartilhamos experiências, aprendizados e desafios. Tanto o podcast ‘Ciência ao Pé do Ouvido’ quanto o ‘Hoje na UFU’ foram bem recebidos e bem avaliados.”

 

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

Palavras-chave: Rádio Comunicação Ciência ao Pé do Ouvido Hoje na UFU podcast

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