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PODCAST

O que será do cinema brasileiro depois do primeiro Oscar?

Episódio #132 do ‘Ciência ao Pé do Ouvido’ explora a pluralidade das produções nacionais e os meios para fortalecer a cultura cinematográfica no país

Publicado em 10/03/2025 às 17:39 - Atualizado em 11/03/2025 às 09:14

Capa do episódio #132 expõe cartazes dos filmes 'Águas Noturnas', 'Ainda estou aqui' e 'Aquarius'. (Arte: Maria Clara Medeiros)

“And the Oscar goes to… I’m Still Here, Brazil”. O anúncio do primeiro Oscar brasileiro em quase cem anos de realização da maior cerimônia do cinema mundial ocorreu no último 2 de março, em Los Angeles (EUA). O filme “Ainda estou aqui”, que narra a história de Eunice Paiva (Fernanda Torres) após o desaparecimento e assassinato de seu marido Rubens Paiva (Selton Mello) na ditadura militar, venceu o prêmio de Melhor Filme Internacional, tendo recebido também outras duas importantes indicações: Melhor Filme (geral) e Melhor Atriz (Fernanda Torres).

Tudo isso aconteceu em meio ao Carnaval no Brasil. A televisão, que normalmente transmite os desfiles das escolas de samba, alternou a programação entre os dois eventos. No Sambódromo Marquês de Sapucaí, palco do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, o locutor Vanderlei Borges esperou o fim do desfile da Imperatriz Leopoldinense para anunciar, em tom crescente de narração esportiva: 

"Pedimos a breve atenção de todos para um comunicado da maior importância. Hoje é um dia muito especial para o nosso país. Além dos desfiles do Rio Carnaval, o cinema nacional vive um momento histórico, com o filme “Ainda estou aqui” concorrendo em três categorias no Oscar. E já temos o resultado! Atenção, Sapucaí: Vencemos na categoria ‘Melhor Filme Internacional’. Vamos comemorar! Parabéns, Walter Salles! Parabéns, Fernanda Torres! Parabéns, Brasil! O Oscar é nosso!"

Essa foi a quinta vez que o país teve um filme indicado na categoria Melhor Filme Internacional, mas a primeira em que levou a estatueta. As indicações anteriores ocorreram há algumas décadas: “O pagador de promessas” (Anselmo Duarte) em 1963; “O quatrilho” (Fábio Barreto) em 1996; “O que é isso, companheiro?” (Bruno Barreto) em 1998; e “Central do Brasil” (Walter Salles) em 1999.

No episódio #132 do podcast "Ciência ao Pé do Ouvido", convidamos o professor, artista e pesquisador de cinema Julherme Pires para analisar a importância do reconhecimento internacional do filme “Ainda estou aqui” para o atual cenário do cinema brasileiro. “Pela primeira vez na minha vida, quando saiu o resultado [do Oscar], eu ouvi os vizinhos aqui gritando. Foi um acontecimento no Brasil inteiro, clima de Copa do Mundo em razão de um filme, uma obra artística”, ressalta.

Pires é professor de Comunicação e Multimeios na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pesquisador em estágio de pós-doutorado em História da Arte na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além de estudioso do cinema de Kleber Mendonça Filho, é artista do cinema. Atualmente, assina roteiro e direção do curta-metragem “Águas Noturnas” (2025), road movie de horror climático, contemplado pela Lei Paulo Gustavo. 

“O cinema no mundo é muito diverso. Cada país, cada estrutura, cada região, cada grupo tem uma forma de fazer cinema. E é uma diversidade inacreditável de formas do pensar, do exibir e produzir imagens”, pontua o pesquisador, que acredita na pluralidade dos circuitos para as produções nacionais: “O nosso cineasta mais reconhecido na história é Glauber Rocha. Ele fazia filmes que passavam longe do Oscar e ainda assim são preciosidades do mundo das artes. Ele foi reconhecido em outros lugares, como no Festival de Cannes, que é o principal do mundo. Mas o interesse do Glauber Rocha era desenvolver o cinema em outras esferas de produção de imagem, de montagem, de produção simbólica, de experimentar as fronteiras dessa arte”.

No episódio, o pesquisador também avalia a relevância das políticas de produção e acesso ao cinema brasileiro, a exemplo do projeto do Tela Brasil, anunciado pelo Ministério da Cultura como uma plataforma de streaming do cinema brasileiro. “Não existe outro caminho a não ser o país valorizar sua própria cultura. Investir nela. Nenhum centavo que é colocado na produção cultural é gasto, todo ele é investimento (...), desde o mais comercial, o mais premiado no Oscar, até aquele cineasta que está experimentando linguagem na fronteira, misturando dança com poesia… todos são importantes para o desenvolvimento cultural, especialmente no cinema, que é uma produção cara. Não tem como fazer filme sem dinheiro”, avalia Pires.

Você confere esse e outros tópicos sobre o cinema brasileiro no episódio disponível nas principais plataformas de podcast e também aqui no portal Comunica UFU. O "Ciência ao Pé do Ouvido" é produzido pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

Palavras-chave: podcast Ciência ao Pé do Ouvido cinema cinema brasileiro

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