Publicado em 23/09/2022 às 14:59 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39
Para o êxito da jogada cabe ao paratleta toda a competência em obter o melhor ângulo e inclinação da calha. (Foto: Divulgação/Cintesp)
A calha para bocha paralímpica para categoria BC3 é a inovação em tecnologia assistiva (TA) desenvolvida pelo Centro Brasileiro de Referência em Inovações Tecnológicas para Esportes Paralímpicos (Cintesp.Br/UFU) que está sendo testada no Campeonato Nacional de Bocha Paralímpica. Ela é um equipamento que apresenta características inéditas e já patenteado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
As competições do campeonato começam neste domingo (25) e prosseguem até a sexta-feira (30), sendo realizadas na Arena Sabiazinho, em Uberlândia. O torneio é uma realização da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande), com o apoio da Prefeitura Municipal de Uberlândia, por meio da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel).
Para a realização do campeonato, a arena do Ginásio Sabiazinho foi dividida em 10 quadras para a competição da bocha paralímpica. Cada partida será importante para somar pontos e melhorar a posição dos paratletas nos rankings nacional e internacional.
São quase 400 participantes, o maior evento já realizado no Brasil, dos quais 149 são paratletas. Cristiano Silva, Luiz Humberto Naves Filho, Pedro Henrique e Gustavo David da Aparu, o treinador da seleção brasileira Glênio Fernandes, que também é profissional de educação física da Futel, além de Mateus Carvalho, do Clube Desportivo para Deficientes de Uberlândia (CDDU/Praia/Futel), devem participar desse evento. Mateus foi, este ano, ouro e prata no World Boccia Challenger, em Roma, na Itália.
Quem utiliza a calha da bocha paralímpica, produzida pelo Cintesp.Br/UFU para categoria BC3, é a paratleta Karen da Associação dos Deficientes Físicos de Uberaba (Adefu). Karen utiliza a nova calha há dois meses. A estreia foi no Campeonato Brasileiro de Jovens, em que conseguiu ganhar quatro parciais, superando os resultados do campeonato anterior.
“É muito boa [a calha]; o equipamento é muito fácil de manusear. Ela (Karen) usava uma importada. Essa calha agora é mais para o jeito dela soltar a bola, é mais funcional, e ela desenvolve mais o potencial técnico de jogo. Estamos fazendo uma experiência com os pesquisadores para chegar ao modelo ideal para Karen, já tivemos um grande avanço”, completa Janaína Pessato, mãe e treinadora da Karen.
O Cintesp.Br/UFU fez o lançamento ao público da calha em março deste ano, durante o Lance PcD 2022, evento onde também foram lançados outros 20 produtos de inovação em tecnologia assistiva. Todos os produtos com registro de patente e alguns já licenciados pela UFU. São equipamentos voltados para o paradesporto, vida diária, para o lazer, saúde e educação para pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e com doenças raras. Além da inovação tecnológica uma outra característica da tecnologia assistiva é a de ser 100% nacional, possibilitando menor custo de aquisição que os equipamentos encontrados no mercado.
O Cintesp/UFU, desde o final de 2019, com financiamentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Ministério Público do Trabalho (MPT/Região Uberlândia), desenvolve pesquisas de inovações em tecnologia assistiva (TA) em diversas modalidades do esporte paralímpico. Uma parceria que envolve a Prefeitura Municipal de Uberlândia por meio da Futel, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o Praia Clube de Uberlândia, o Grupo Algar, Algar Telecom e Brain Instituto de Ciência e Tecnologia, Sesi Gravatás (Fiemg) além de trabalhar em Rede Colaborativa multidisciplinar com diversos centros de pesquisas do país.
A tecnologia assistiva desenvolvida pelo Cintesp.Br/UFU para as calhas auxilia no direcionamento das jogadas proporcionando um aumento cada vez maior da eficiência das jogadas, somando com o paratleta a técnica e o talento para alcançar resultados cada vez melhores.
De acordo com Sílvio Soares, pesquisador do Cintesp.Br, para se chegar à inovação em tecnologia assistiva da calha e de outros equipamentos desenvolvidos, foi tomado como base, depoimentos de paratletas de alto rendimento, a partir de suas percepções acerca desses equipamentos: “foram muitos estudos feitos, vários eventos-teste desenvolvidos para validação deles, busca de soluções para os problemas que se apresentavam, desde a curvatura e largura da calha à forma que a bola sai da mesma e entra em contato com o solo, aferição de velocidades etc.”, completa o pesquisador Silvio Soares.
Outra inovação da calha desenvolvida pelo Cintesp.Br/UFU é a fabricação por manufatura aditiva (impressão 3D) reduzindo seu custo e peso, o que facilita, sobremaneira, o transporte.
A bocha adaptada estreou em 1984, nos Jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville. O jogo de bocha consiste em empurrar as bolas coloridas o mais perto possível de uma bola branca.
No caso dos paratletas, eles disputam em classes de acordo com o nível da deficiência. Para o jogo, eles ficam sentados em cadeiras de rodas e limitados a um espaço demarcado para fazer os arremessos. Para aqueles com limitação severa de movimentos, a maioria com paralisia cerebral, o movimento da bola dentro da calha é produzido pelo acionamento de uma ponteira ou antena fixada a um capacete utilizado pelo atleta.
Para o êxito da jogada cabe ao paratleta toda a competência em obter o melhor ângulo e inclinação da calha para que a bola atinja o objetivo, que é o de chegar o mais perto possível da bola branca ou bloquear as jogadas do adversário. Os jogadores são auxiliados pelos “calheiros”, que posicionam a canaleta conforme a orientação do paratleta.
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Palavras-chave: Cintesp tecnologia assistiva Paradesporto campeonato bocha Divulgação Científica
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