Publicado em 07/11/2022 às 14:01 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39
Os cursos de graduação da Faculdade de Medicina (Famed) têm realizado atividades práticas intercursos em Saúde Coletiva (Foto: acervo do pesquisador)
A Saúde Coletiva é um campo de atuação multidisciplinar resultante da integração entre as ciências biomédicas e as ciências sociais.
De modo geral, o principal objetivo da Saúde Coletiva é reconhecer, identificar e pensar modos de intervir nas diferentes formas com que os determinantes sociais atuam no processo de saúde-doença-cuidado. Desse modo, torna-se possível construir um planejamento mais consistente e equânime e organizar a assistência prestada pelos serviços de saúde de forma mais resolutiva.
Buscando alcançar o desafio da integração entre as diferentes áreas de formação que atuam com as práticas de Saúde Coletiva, os Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos de graduação almejam por um desenho curricular que propicia a formação integrada entre as diferentes áreas profissionais, privilegiando a interdisciplinaridade, a interprofissionalidade e a formação em 'comum' das profissões de saúde, assim como a defesa de uma concepção de cuidado integral, a partir de alianças de saberes e práticas de saúde geradas por meio de processos dialógicos e solidários.
Buscando alcançar estes objetivos, os cursos de graduação da Faculdade de Medicina (Famed) têm realizado atividades práticas intercursos em Saúde Coletiva.
Uma das atividades práticas da Saúde Coletiva chama-se Territorialização em Saúde que consiste em reconhecer o território, seus equipamentos sociais e como se dão as condições em que as pessoas vivem, moram, adoecem, amam e trabalham (as relações sociais). Ao reconhecer o território para além dos aspectos geográficos, é possível identificar aspectos socioeconômicos, culturais e ambientais que operam em determinada localidade, reveladores das condições de vida dos sujeitos que vivem em seu interior.Professores/as dos cursos de Medicina e de Nutrição, com apoio da Famed, promoveram, no dia 31/10, uma visita técnica que propiciou aos estudantes reconhecer as premissas da territorialização e oportunizou uma vivência em um Território Rural do município de Tupaciguara (MG).
Os estudantes foram recebidos pela diretora e professores/as da Escola Municipal Paz e Amor, que apresentaram as dependências da escola e relataram a história, os desafios da sua consolidação e sua importância como equipamento social para a região, além das ações de educação e de saúde que ali são promovidas. Com aproximadamente 130 estudantes, a escola oferece da Educação Infantil ao Ensino Médio, e organiza todas as atividades, desde a distribuição de água (poço artesiano) até a coleta do lixo.
Roda de conversa com os/as professores/as da Escola Municipal Paz e Amor (Foto: acervo do perquisador)
Bálsamo é um distrito (distante 115 km de Uberlândia e 42 km de Tupaciguara) com aproximadamente 200 moradores e que tem na sua história de formação uma comunidade que foi estabelecida a partir de um Centro Espírita que ainda hoje participa de forma decisiva para a sociabilidade do povoado.
O Centro Espírita Carlos Ferreira Borges no período entre 1953 e 1970 foi responsável por um equipamento de saúde que integra a história da psiquiatria em Minas Gerais e no país, o Sanatório e o Dispensário Espírita. A partir dessa vivência prática foi possível reconhecer práticas manicomiais, o contexto histórico e relacionar com os modos de pensar o sofrimento mental atravessado pelos saberes religiosos do grupo.
Roda de conversa com antigos trabalhadores do Centro Espírita Carlos Ferreira Borges e do Sanatório e Dispensário (Foto: Acervo do pesquisador)
A experiência dessa atividade prática proporcionou aos estudantes reconhecer a importância desses equipamentos sociais na dinâmica de um território rural e como se organizaram as relações sociais nesse distrito a partir de um antigo sanatório espírita. E como outro equipamento, a escola, possui hoje a centralidade na comunidade.
A história do povoado do Bálsamo e seu entrecruzamento com a história da psiquiatria em Minas Gerais e no Brasil é preservada pela história oral, guardada nas vidas de pessoas como o Sr. Areno, Dona Magnólia e Sr. Nego.
*Stefan Vilges de Oliveira, Luciana Saraiva da Silva, Lúcio Costa Girotto, Tiago Rocha Pinto e Flávia do Bonsucesso Teixeira
A seção "Leia Cientistas" reúne textos de divulgação científica escritos por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). São produzidos por professores, técnicos e/ou estudantes de diferentes áreas do conhecimento. A publicação é feita pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU), mas os textos são de responsabilidade do(s) autor(es) e não representam, necessariamente, a opinião da UFU e/ou da Dirco. Quer enviar seu texto? Acesse: www.comunica.ufu.br/divulgacao. Se você já enviou o seu texto, aguarde que ele deve ser publicado nos próximos dias.
Palavras-chave: Leia Cientistas Divulgação Científica saúde coletiva
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