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SAÚDE

Exame simples de ultrassom diagnostica doença de alto risco em gestantes

Doppler da artéria do olho detecta doença hipertensiva durante o pré-natal. Especialista nesta técnica, docente da UFU toma posse na Associação de Ginecologistas e Obstetrícia de Minas Gerais (Sogimig)

Publicado em 09/05/2023 às 12:20 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:38

Angélica Debs compõe a nova diretoria da Associação de Ginecologistas e Obstetrícia de Minas Gerais para o mandato 2023-2025. (Fotos: Marco Cavalcanti)

No último dia 5 de maio, Angélica Lemos Debs Diniz, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (Famed/UFU), médica ginecologista obstetra, especializada em gravidez de alto risco e ultrassonografia, tomou posse, em Belo Horizonte, no cargo de vice-presidente na Associação de Ginecologistas e Obstetrícia de Minas Gerais (Sogimig).

A entidade é filiada à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e tem a missão de auxiliar e amparar os profissionais de ginecologia e obstetrícia no exercício de suas funções para com atenção à saúde da mulher. Dentre as atividades que serão desenvolvidas por Diniz e os demais integrantes que irão compor a gestão 2023/2025 estão a atuação na qualificação do atendimento às mulheres, defesa ética e profissional dos colegas e demais demandas que surgem no exercício da profissão.

Considerando a importância da saúde e bem-estar da mulher, a nova diretoria se propõe a manter ginecologistas e obstetras atualizados sobre os avanços da medicina. A partir disso, novas ações relacionados à discussão de normas éticas, projetos educacionais, cursos e livros serão trabalhados para melhorar as atividades desenvolvidas pelos médicos associados.

Na UFU, além de coordenar o Serviço de Gravidez de Alto Risco do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia e realizar atendimentos às gestantes no Hospital de Clínicas, Diniz faz parte de um grupo de pesquisadores sobre o emprego da ultrassonografia e Doppler no diagnóstico e tratamento da gestação de alto risco. O grupo de pesquisa liderado por Diniz é referência nacional e mundial no estudo do emprego do Doppler da artéria oftálmica para diagnóstico e manejo das doenças hipertensivas na gestação.

 

Durante os exames de rotina do pré-natal, é possível implementar o método Doppler e fazer a predição de doenças na gestação

 

O método Doppler avalia o fluxo sanguíneo da artéria oftálmica, por meio do ultrassom em mulheres grávidas e movimenta parceria com pesquisadores de outros países e outras instituições brasileiras. O objetivo é coletar dados e estudar a aplicabilidade do método ultrassonográfico no diagnóstico das doenças relacionadas às gestantes.

O emprego do Doppler das artérias oftálmicas é utilizado no manejo de doenças hipertensivas que ocorrem no período gestacional e puerperal. Com o diagnóstico, é possível analisar a possibilidade de complicações das doenças como a pré-eclâmpsia, que é hipertensão arterial acompanhada de um excesso de proteína na urina e que surge após a 20ª semana de gravidez. A pré-eclâmpsia pode evoluir para a eclâmpsia, que são convulsões, ou seja, uma forma mais grave da doença, que põe em risco a vida da mãe e do feto.

O exame do Doppler da artéria oftálmica pode ser feito junto com as consultas de pré-natal. Neste exame, o transdutor é colocado na pálpebra da mulher. Caso o diagnóstico seja positivo para pré-eclâmpsia, o médico que está acompanhando a gestante providencia o acesso a medicações e um atendimento adequado. Cabe ressaltar que a metodologia do Doppler da artéria oftálmica é um exame de baixo custo por utilizar a mesma máquina que faz o ultrassom gestacional. 

Sobre o funcionamento do exame, a médica ginecologista obstetra explica: "O aparelho é colocado na pálpebra superior da mulher, sendo possível observar a artéria lá no fundo do olho. A partir disso, você registra a onda de fluxo da artéria. E através de umas métricas que a gente faz, é possível definir se tem vasodilatação no cérebro, se tem algum vaso obstruído, se essa mulher, por exemplo, vai ter risco de ter complicações graves como convulsões e perda da visão.”

 

Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece como meta do milênio reduzir a mortalidade materna

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as mortes de mães durante o período da gestação e pós-parto podem ser evitadas. As soluções de cuidados de saúde para prevenir ou administrar complicações estão no acesso a cuidados pré-natais, durante a gestação, além de cuidados durante o parto e apoio nas semanas após o parto.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) alerta que não existem informações precisas sobre a incidência de pré-eclâmpsia em todo o mundo, porém estima-se que ocorra entre 3% e 5% das gestações. Especificamente para o Brasil, uma revisão sistemática identificou a incidência de 1,5% para pré-eclâmpsia e 0,6% para eclâmpsia.

 

 Matheus Freitas

Arte: Matheus Freitas

 

Como a vida das gestantes com pré-eclâmpsia podem ser salvas?

'A gente pode atuar fazendo predição de complicações. Ou seja, a gente consegue prever se vai piorar o quadro da gestante e, com isso, trazer a paciente que está na Unidade Básica de Saúde ou que está em cidades no interior para o hospital, para que ela tenha acesso às medicações e manejo adequado, evitando a morte materno-fetal'

 

Sintomas

  • A pré-eclâmpsia trata-se de uma doença multifatorial e identificá-la o mais cedo possível é fundamental para a garantia da saúde materna e dos bebês, de modo que a informação sobre a doença seja de amplo conhecimento não apenas das mulheres, mas também dos familiares. Os principais sintomas são dores de cabeça, vômito, queda de plaquetas, visão turva e sangramentos espontâneos.

 

Tratamento

  • A única maneira de controlar a pré-eclâmpsia e evitar que evolua para eclâmpsia (forma mais grave da doença) é o acompanhamento pré-natal criterioso. Pacientes diagnosticados devem fazer um tratamento intra-hospitalar, repouso, aferir a pressão arterial com frequência e adotar uma alimentação saudável.

 

Recomendações

  • Comparecer a todas as consultas previstas no pré-natal e seguir as recomendações médicas durante a gestação. É importante se atentar que a hipertensão é uma doença que pode ser assintomática. Qualquer descuido e ausência de sintomas podem fazer com que uma forma leve de pré-eclâmpsia evolua com complicações.

 

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Palavras-chave: Ciências da Saúde Doppler Saúde da Gestante Mulheres Hospital de Clínicas da UFU

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