Publicado em 14/06/2023 às 14:38 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:38
No ano de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o burnout em sua classificação internacional de doenças, a CID-11, como sendo um fenômeno ocupacional, ou seja, uma enfermidade relacionada ao trabalho e ao estresse diário de lidar com ele. Denunciando um processo que vem se desenrolando por anos, a exaustão do trabalho agora é considerada uma doença.
Os expedientes além da carga horária e o constante estado de ocupação mental parecem ter empurrado quase metade dos trabalhadores do planeta para a beira de um precipício. De acordo com dados de 2023 do centro de pesquisas americano Future Form, 42% da força de trabalho mundial está em um estado de exaustão grave e duradouro.
Eduardo Bernardes, Diélen Borges, Thaís Nadai e Patrícia Trópia gravaram o episódio no Campus Santa Mônica (Foto: Marco Cavalcanti)
Para entender mais sobre o assunto, entrevistamos o psicólogo Eduardo Bernardes, que é professor do Instituto de Ciências Humanas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e a professora Patrícia Trópia, do Instituto de Ciências Sociais da UFU.
Um ponto importante para começar a entender o burnout é perceber que sua origem não é isolada: trata-se de um fenômeno social, que afeta diferentes camadas da população e tem origem em um capitalismo desenfreado e insustentável. “O crescimento dos casos [de burnout] está relacionado à dinâmica do trabalho e à dinâmica da vida na nossa sociedade, que é baseada no acúmulo de capital; com isso, o aumento da produtividade se torna inerente”, afirma a professora, apontando para as causas da síndrome.
Eduardo Bernardes: Ao lidar com o burnout, gosto de utilizar a metodologia do Michael Jordan. Ele dizia que quando as coisas estão muito difíceis, quando enfrentamos um adversário muito grande, a solução é voltar para a base. Volte à base, faça o básico bem feito. (Foto: Marco Cavalcanti)
Outra frente de análise essencial para a compreensão desse fenômeno é a psicologia, que explica a reação do indivíduo ao seu contexto social enquanto parte deste sistema falho. “A síndrome de burnout está diretamente relacionada ao trabalho, principalmente a setores com alta exigência, demanda e competitividade. Esses fatores levam a uma exaustão física e emocional, que pode se manifestar em sintomas físicos e psicológicos”, diz Bernardes.
Compreender o burnout como uma síndrome complexa e com diferentes raízes é o primeiro passo para lidar com ela da maneira correta. Uma das formas de sair desse estado de esgotamento, segundo o psicólogo, é mantendo hobbies e relações amigáveis, fazendo com que o trabalho não tome conta por completo de sua vida. “A ideia é fazer o básico que a gente deixou de fazer: às vezes, fazer um telefonema com um amigo, criar momentos de prazer, já é o suficiente para estabelecer uma relação social e se desligar do trabalho, porque você não é funcionário 24 horas por dia”, completa Bernardes.
Patrícia Trópia: O aumento dos casos de burnout se relaciona à dinâmica do trabalho e à dinâmica da vida em nossa sociedade, que é baseada na acumulação de capital. A competitividade e o aumento da produtividade são inerentes à nossa sociedade. (Foto: Marco Cavalcanti)
A entrevista completa você confere no Episódio 85 do podcast Ciência ao Pé do Ouvido, intitulado “Estou tão cansado, mas não pra dizer”, em que tratamos de muitas nuances do burnout e de seus diferentes contornos e recortes, inserido em contextos de gênero e idade, bem como de possíveis formas de lidar com esse problema individual e coletivamente.
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Palavras-chave: podcast Ciência ao Pé do Ouvido Burnout esgotamento Psicologia Ciências Sociais
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