Publicado em 17/07/2023 às 15:30 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:38
Uma das linhas de pesquisa de Marcos Barrozo estuda a reutilização de resíduos sólidos. (Fotos: Marco Cavalcanti)
Quando observamos os setores público e privado, é possível perceber que empresas, universidades, instituições estatais, Organizações Não-governamentais (ONGs) e governos de diferentes países têm colocado cada vez mais o desenvolvimento sustentável como prioridade em suas agendas.
Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), não é diferente. Atenta às atualidades e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – programa desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que busca acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas possam desfrutar de paz e de prosperidade – a instituição visa incluir a sustentabilidade em suas ações e nos projetos que são desenvolvidos no ambiente acadêmico.
Na esteira deste pensamento, o professor Marcos Barrozo, da Faculdade de Engenharia Química (FEQ), desenvolve, junto a seus orientandos e orientandas, pesquisas que têm como principal motivação o desenvolvimento sustentável do planeta. Há 38 anos na UFU, o engenheiro químico afirma que busca incluir a sustentabilidade e o combate à desigualdade social em seus estudos.
“Eu procuro ter sempre nas minhas pesquisas um vínculo social, além do lado humano. Isso me motiva. Por trabalhar em uma área tecnológica, busco desenvolver pesquisas que possam trazer impacto social, porque a área tecnológica pode impactar a sociedade de muitas formas”, ressalta.
Uma das linhas de pesquisa de Barrozo envolve a reutilização de resíduos sólidos na agroindústria. Esses resíduos podem ser entendidos como as sobras de todo processo produtivo agroindustrial. Além de possuírem potencial nocivo ao meio ambiente, geram problemas para a própria indústria no momento de realizar o descarte.
“Muitas vezes esses resíduos são subutilizados. Então, ou eles são utilizados aquém do seu potencial, ou são simplesmente vendidos por um preço muito barato e não recebem a destinação ideal”, explica o professor.
Essa linha dos estudos desenvolvidos por Barrozo visa utilizar esses resíduos agroindustriais para a geração de biocombustíveis líquidos (bio-óleo) e biocarvão. Com essa reutilização, os produtos podem ser substitutos de elementos naturais. “O bio-óleo gerado a partir desses resíduos pode substituir, por exemplo, o petróleo e o biocarvão pode ser utilizado como um fertilizante para o solo”, complementa.
Resíduos de café podem ser transformados em biocarvão
Outra pesquisa desenvolvida pelo professor envolve a extração mecânica de corantes. O produto desses estudos é uma alternativa viável à extração química, processo mais caro e que envolve uma tecnologia mais robusta. Para Barrozo, a extração mecânica do corante de urucum pode representar uma solução sustentável, além de ajudar do ponto de vista social as regiões mais pobres do Brasil.
“O Brasil vende o quilo da semente de urucum por 40 centavos e compra o corante por 10 dólares a grama [aproximadamente 48 reais, de acordo com a cotação em 17 de julho]. No Vale do Jequitinhonha existem cooperativas de produtores de urucum. Se a tecnologia for implementada nesses lugares, eles podem não vender mais a semente, mas produzir o corante de forma natural e vendê-lo por um maior valor agregado”, explica.
Reconhecimento
Em ranking, Barrozo foi indicado como um dos melhores cientistas do Brasil em sua área
Os estudos desenvolvidos por Barrozo renderam a ele um importante reconhecimento. O professor apareceu na sétima colocação no ranking dos melhores cientistas em engenharia e tecnologia do Brasil.
Elaborado pelo portal Research.com, o ranking é divulgado bienalmente e leva em conta critérios como a quantidade de artigos publicados em periódicos relevantes e o impacto dessas publicações, a partir das citações em outros trabalhos.
Quando perguntado sobre a importante colocação, Barrozo revela grande felicidade: “Eu fico muito feliz de receber esse reconhecimento. Eu tenho 38 anos de universidade e tenho trabalhado duro esses anos todos; então, um reconhecimento desses é como uma validação. No Brasil, o trabalho do cientista, do professor não é muito reconhecido e quando vem uma honraria dessas a gente fica muito feliz.”
Além disso, o professor alega que essas premiações e reconhecimentos podem ser responsáveis por motivar outras pessoas que já estão na carreira de pesquisador e/ou professor, ou que desejam ingressar nela. “Como o próprio portal diz, eu acho que isso também é importante para motivar outras pessoas. Já que é uma carreira sem muito reconhecimento em geral, você ter situações como essa pode motivar outros a seguirem também essa carreira”, afirma.
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Palavras-chave: UFU biocarvão bio-óleo sustentabilidade Engenharia Química
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