Publicado em 28/07/2023 às 12:43 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:38
(Foto: Marco Cavalcanti / Arte: Ludimila de Castro)
Pedro era aquela criança que se interessava por foguetes, estrelas e despertava uma curiosidade imensa em conhecer cada animalzinho existente. Por conta disso, já dizia que queria ser cientista. Buscando aprofundar nos conhecimentos mais diversos, optou por seguir a área das ciências biológicas. Durante esse percurso, ingressou na graduação com interesse em participar de projetos de pesquisa e, posteriormente, se descobriu na área de Citogenética, ciência que estuda os cromossomos.
Atualmente, alguns anos depois, Pedro Henrique Alves Machado está prestes a concluir o seu doutorado em Genética e Bioquímica pelo Instituto de Biotecnologia (Ibtec) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Durante esse período, teve como enfoque a busca por novos medicamentos que tenham efeito antitumoral, ou seja, visam combater o desenvolvimento de tumores. A missão é pesquisar uma substância que atue de forma quimioterápica, seja mais barata e com menos efeitos colaterais.
Pedro Machado deseja que mais pessoas se interessem na carreira de cientista (Foto: Marco Cavalcanti)
Prestes a completar 12 anos como pesquisador no Laboratório de Citogenética (Citogen), sob coordenação do professor Robson José de Oliveira Júnior, Machado já pôde acompanhar as melhorias que vieram com o passar dos anos, como aumento do número de bolsas e novos equipamentos. Ele relembra com um sorriso no rosto os momentos em que os estudos sobre complexo de cobre, que demonstrou ter propriedades quimioterápicas contra células de câncer tipo melanoma (pele) e sarcoma (osso/músculo) de camundongos e colo de útero de humanos foram reconhecidos e reproduzidos em diferentes mídias.
Após diversos testes e investigações mais profundas, a pesquisa de Machado em torno do medicamento, em que eles investigam os mecanismos de interação com DNA em células isoladas, irá para uma nova fase. Recentemente, o Citogen escreveu um projeto que passou pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (Ceua) e teve a liberação dos camundongos para prosseguirem com a pesquisa. Dessa forma, irão observar possíveis efeitos e dar seguimento com a pesquisa em torno do tratamento antitumoral.
Recentemente a pesquisa com células de câncer tipo melanoma (pele) e sarcoma (osso/músculo) avançou mais uma etapa e fará testes em camundongos (Foto: Marco Cavalcanti)
Pesquisador no Brasil
Machado comenta que é difícil se reconhecer como pesquisador. O fato de não ter na carteira de trabalho o registro de atividade com esse cargo contribui para esse estranhamento, principalmente quando analisada a situação fora do Brasil.
“É escasso de oportunidades para atuar com ciência fora de instituições públicas, porque para as empresas montarem laboratórios, é preciso investir em maquinário, manutenção, mão de obra e insumos, o que acaba dificultando a inserção neste mercado de trabalho. Por ser muito caro manter um laboratório, existem poucas alternativas. O pesquisador pode empreender montando um laboratório, o que é mais difícil; a pessoa busca lecionar na universidade ou ser funcionário de instituições públicas, onde nós encontramos centros de pesquisa.” comenta.
Para Pedro, na rotina de pesquisador que desempenha todos os dias, o mais gratificante é a relação de família que já se instalou no ambiente. Observar o desenvolvimento das pessoas que frequentam o local em busca de produzir ciência, conhecimento, estudos e discussões faz com que ele se sinta bem e motivado na busca por um medicamento resultado dessas pesquisas desenvolvidas no Citogen. “Eu torço para que essa patente seja aprovada. Isso irá demonstrar que nosso trabalho aqui funcionou e vai ser gratificante nós termos um resultado positivo, e que nosso candidato a medicamento, torne-se um [medicamento]”, afirma.
Com uma curiosidade de ultrapassar fronteiras, Machado não esconde o desejo de seguir na área de pesquisa. Principalmente vivenciar isso fora do Brasil, ter contato com pesquisadores de outros países, compartilhando conhecimentos e, claro, adquirindo novas experiências.
Fora do Lattes
Todos os dias, ao entardecer, os materiais que Machado utiliza para executar sua pesquisa voltam para os seus locais de armazenamento. Mas a rotina do pesquisador não acaba por aí. Buscando ficar mais ativo, recentemente, voltou a praticar atividades físicas. Ele admite que retornar para a academia após a pandemia de Covid-19 foi complicado, mas o corpo já se adaptou novamente e está feliz com a frequência na musculação.
Fora do currículo Lattes e do laboratório, ele pode ser encontrado passeando com cachorros nas praças. Isso porque, nas horas vagas, ele fica disponível para ser Pet sitter, aquela pessoa que passeia com cães enquanto os tutores estão fora. Com um estilo mais aventureiro, ele admira atividades mais radicais, mesmo que não tenha o hábito de praticar. Curte skate, surf e, para ele, andar de moto é sua verdadeira paixão.
“Admiro atividades mais radicais, andar de moto é minha verdadeira paixão” (Foto: Marco Cavalcanti)
Além das pesquisas, Machado tem atuado em outras atividades. "Na época da minha graduação, eu fiz o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), e quando surgem oportunidades, consulto a coordenação, desde que respeitando algumas regras, posso ministrar algumas aulas como professor substituto no ensino médio.", relata.
“Eu gosto de estar na sala de aula, vejo o quanto nós somos um exemplo. É importante para esse alunos, principalmente do ensino fundamental. Somos formadores de caráter dessas crianças. É muito bom ver que eles aprenderam e gostaram da matéria”, completa/finaliza.
8 de julho é o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, instituído pelas leis 10.221 e 11.807. A data foi escolhida em homenagem à fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 8 de julho de 1948. O objetivo é destacar a importância da ciência para a sociedade e divulgar os trabalhos feitos pelos pesquisadores brasileiros. Em comemoração ao 8 de julho, em todas as segundas-feiras deste mês, o portal Comunica UFU publica a série “Cientistas da UFU”, em que apresentamos alguns de nossos pesquisadores em diferentes etapas de formação.
Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.
Palavras-chave: Série Cientistas da UFU pesquisa Dia do Pesquisador
Política de Cookies e Política de Privacidade
REDES SOCIAIS