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Tecnologia

Professor e aluno da UFU ganham prêmio da ONU por inovação em sistema de refrigeração

Pesquisadores, em parceria com a indústria, colocam no mercado equipamento que reduz de 8,4 toneladas de CO2 liberados no meio ambiente para menos de 300 gramas

Publicado em 30/08/2023 às 12:08 - Atualizado em 12/09/2023 às 09:27

A inovação destacada foi a substituição do gás HCFC, considerado de alto risco para a camada de ozônio. (Foto: acervo da Femec/UFU)

A inovação foi motivo de comemoração mundial, em favor do meio ambiente com redução do efeito estufa, menor prejuízo na camada de ozônio, e de premiação internacional. O professor e pesquisador Enio Pedone Bandarra pertence à Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (Femec/UFU). Ele já é reconhecido nacional e internacionalmente pelas inovações na área de energia, sistemas térmicos e nanotecnologia com novos fluidos para refrigeração com gases que não agridem a camada de ozônio e de menor impacto no aquecimento global.

O Prêmio de Inovação de Refrigeração e Ar-Condicionado para Aplicações com Fluidos de Baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP) foi concedido a Bandarra pela Assembleia das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (UNea). “É uma satisfação desenvolver algo tão importante e ver sendo aplicado. É uma satisfação, ainda mais vindo da ONU e da maior associação de ar-condicionado que existe (ASHRAE); isso não tem preço, e em uma universidade pública do interior do Brasil”, disse o pesquisador.

O projeto de inovação “Uso de novos fluidos refrigerantes em sistemas de refrigeração” foi reconhecido pelos aspectos inovadores na transformação de conceitos convencionais, pela capacidade de reprodução tecnológica para países em desenvolvimento, pela extensão da necessidade e pela viabilidade econômica. Os projetos de inovação tecnológica são importantes para o fortalecimento do ensino, pesquisa e extensão, instigam alunos e professores/pesquisadores e a infraestrutura dos laboratórios permitem o PD&I; neste caso, com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto foi um dos temas de doutorado do aluno David Marcucci, premiado pelas Nações Unidas, juntamente com o pesquisador durante congresso realizado nos Estados Unidos.

A inovação destacada foi a substituição do gás HCFC, considerado de alto risco para a camada de ozônio e de risco para o aquecimento global. O pesquisador desenvolveu uma pasta térmica que aplicada nas serpentinas de refrigeração de tanques permite utilizar outro gás refrigerante (R-22) de menor impacto ambiental. 

A inovação, com a combinação da nova pasta, oferece menor risco ao meio ambiente e já está sendo aplicada pela maior indústria da América Latina e líder de mercado na produção de chopeiras elétricas, torres de chope, pré-resfriadores e acessórios. 

A empresa buscava atender ao programa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) para ampliar o mercado e buscar competitividade e agregar valor à produção. “Eu procurei então quem eram as pessoas especialistas no ramo, onde eu cheguei até o professor Enio, da UFU, e conseguimos fazer uma parceria. A gente já tinha feito outras parcerias com universidades anteriormente, nós acreditamos muito nessa parte de desenvolvimento vindo da universidade com a empresa e isso que motivou a gente”, completa Lucas Cavalin, diretor de pós-venda da empresa.

 

A novidade já começa a ser utilizada pelo mercado varejo em bares e restaurantes, por uma das maiores empresas de bebidas no país que, em contrapartida, ganha crédito de carbono por favorecer o ecossistema proporcionando a menor emissão de poluente. 

Enquanto o sistema antigo, ainda usado, consome para cada chopeira 4,5 kg de HCFC para cada tambor de bebida (chope), o novo sistema de refrigeração utiliza 290 gramas do gás R-22. O grande impacto ambiental consiste ainda em caso de vazamento em um tambor. Este tipo de acidente provoca a liberação dos 4,5 Kg de HCFC, o equivalente a 8,4 toneladas de CO2 no meio ambiente. Já o vazamento de gás (R-22) pelo novo sistema, em um recipiente do mesmo tamanho, equivale a apenas 270 gramas de CO2 na atmosfera. 

“Quando você está inovando para colocar em prática, ver acontecer, isso é maravilhoso. Esse aspecto é o que tem de maior motivação, o que de melhor pode acontecer; e a gente usa muito essa questão do ambientalmente correto”, disse o pesquisador premiado. A inovação ainda tem vantagens econômicas e sociais. O equipamento, para o mesmo uso, é mais leve, oferece menor risco de explosão e acidentes, consome cerca de 30% a 50% menos energia, exige menos gastos com manutenção e oferece maior vida útil ao equipamento de refrigeração. 

Projetos de pesquisa e desenvolvimento em inovação executados por pesquisadores da UFU são feitos também em parceria com a Fundação de Apoio Universitário (FAU). A fundação auxilia na condução dos projetos. Todo o desenvolvimento do projeto, inovador e tecnológico, é conduzido pelo pesquisador e professor, ficando a FAU na gestão burocrática, dos processos de compra ao acompanhamento do cronograma e prestação de contas. “O desafio hoje é buscar caminhos menos burocráticos, sem alterar a segurança legal dos projetos e cursos, bem como na flexibilização dos prazos de circulação dos projetos entre as pró-reitorias” complementa Rafael Visibelli, diretor da FAU.

Agora, o professor trabalha em uma segunda versão: desenvolver o sistema de automação para controle de temperatura e início de funcionamento automatizado com o controle pelo celular. “O desafio, pra mim, é o mais importante, me desafiou; é a coisa que mais gosto”, completa o pesquisador da UFU, Enio Bandarra.

 

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Palavras-chave: Prêmio refrigeração inovação Femec ONU Ozônio

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