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Graça do Aché

Construindo a estrada, muito árdua por sinal

Palestra vai abordar racismo, imprensa e negritude

Publicado em 09/10/2023 às 14:49 - Atualizado em 23/10/2023 às 10:33

Vamos refletir sobre as possibilidades de enfrentamento ao racismo midiático

 

Aroldo Macedo é escritor, palestrante, ator, roteirista e fotógrafo. Foi o primeiro modelo e manequim negro do Brasil. Em 1995, fundou a Revista RAÇA, a primeira no país com conteúdo relacionado à cultura afro. Ele estará em Uberlândia, na quinta-feira, 19 de outubro, ministrando a palestra “Racismo, imprensa e negritude: Toda verdade por trás do sucesso da Revista Raça”, no Centro de Memória da Cultura Negra Graça do Aché.

O tema, segundo Aroldo, chama a atenção aos impactos que as representações negras e o racismo na imprensa geram em corpos negros, e busca indicar e refletir sobre as possibilidades de enfrentamento contra o racismo midiático.

E hoje, como será que a imprensa aborda questões sobre representações negras? De acordo com o palestrante, a imprensa “quer estar no modo politicamente correto e dar mais visibilidade ao negro. Então, hoje as questões étnico-raciais tem mais visibilidade, do que em qualquer outro momento. Porém, a gente tem uns pontos a serem discutidos, porque existe o Newsjacking, que é quando você entra na onda do movimento e começa a fazer coisas por esse movimento, tentar ganhar um pouco de visibilidade em cima disso, então, não sei se tem um pouco disso, também. Mas, de qualquer maneira, eu acho que as questões estão sendo abordadas corretamente pela imprensa. Acho que hoje está melhor”, destaca Aroldo.

 

Aroldo Macedo, primeiro modelo e manequim negro do Brasil. (Foto: Rita Setta)
Aroldo Macedo, primeiro modelo e manequim negro do Brasil. (Foto: Rita Setta)

 

Na palestra, Aroldo também versará sobre o livro "Toda a verdade por traz do sucesso da Revista RAÇA", que trata toda a trajetória da publicação, desde o seu nascedouro até o período em que o autor dirigiu a redação da Revista, ou seja de 1996 a 2000. O livro possui 440 páginas, com 280 fotos. De acordo com Aroldo, a publicação tem informações “não só sobre a revista, mas sobre o meu ponto de vista em várias situações, porque obviamente a revista que fala da raça, permeia as questões étnicas e raciais, e eu falo de todas as minhas experiências, não só nesse período, mas também sobre o período anterior à revista”, explica.

Aroldo conta que aborda na sua palestra, algumas distorções que precisou lidar quando criou a revista, “uma, que o negro é feio, então ele não poderia estampar capas de revistas, a outra que ele era pobre, então estava fora da faixa de consumo, então as indústrias e as agências de publicidade não deveriam fazer produtos para os negros, porque estariam fora da faixa de consumo, e a terceira grande distorção que permaneceu por séculos, junto com essas outras, foi que o negro não gostava de ser negro”. De acordo com Aroldo, muitas agências diziam que a revista seria um “tiro no pé”, seria um fracasso. Até que tiveram que se render e, segundo o palestrante, a revista teve uma fileira de anunciantes gigantesca. “O que se vê hoje, os negros protagonizando novelas ou comerciais. Em 1996 não era assim. A gente é que começou essa revolução, colocando para as agências que, quanto mais eles colocassem negros protagonizando comerciais, mais haveria identificação dos negros com esses produtos. E eles abriram os olhos e partiram para isso.”

A conversa com o Aroldo está muito interessante mas vamos parar por aqui, vale super a pena participar deste encontro. O recado vem do próprio palestrante: “Pode participar qualquer pessoa que tem interesse sobre as questões éticas e raciais. A palestra não é fechada, independente da etnia. Pode ser branco, negro, mestiço, oriental, indígena, povo originário, enfim… Ela tem essa característica de abrir para discussão. Então, qualquer grupo que queira discutir essas questões, a palestra é exatamente para essas pessoas”. Vamos lá, então? A palestra acontecerá no Centro de Memória da Cultura Negra Graça do Aché, na quinta-feira, 19/10, às 19h. Lembrando que o Graça fica na Avenida Cesário Crosara, 4187 - Bairro Presidente Roosevelt, Uberlândia.

As inscrições devem ser feitas pelo link. Haverá emissão de certificado.

 

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Palavras-chave: Centro de Cultura Graça do Aché combate ao racismo

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