Publicado em 22/01/2024 às 11:50 - Atualizado em 13/05/2024 às 08:14
Imagine que você é um curioso do mundo animal, está sempre pesquisando por espécies que vê cotidianamente e em uma dessas buscas suspeita que é uma espécie catalogada recentemente e por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)! Foi o que aconteceu com Liliane Gomes Mesquita.
Moradora de Brasília (DF), ela possui uma chácara em Pirenópolis (GO), onde encontrou uma espécie de perereca que chamou sua atenção. Pesquisando sobre o animal, ela suspeitou que ele fosse de uma espécie identificada, em 2017, por cientistas da UFU em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Eu sou apaixonada por tudo que a natureza nos oferece. Então, sempre que encontro um animal que não conheço, eu tiro fotos e procuro saber mais sobre o animal. Pesquisei e apareceu essa descoberta”, conta Mesquita empolgada, suspeitando que o animal tenha sido o recentemente descoberto.
Foi a partir da curiosidade que ela entrou em contato pelas redes sociais da UFU para contar sobre a suspeita. A espécie de anfíbio que Mesquita achou ter identificado é a Pithecopus araguaius, encontrada pela primeira vez pelos cientistas da UFU na cidade de Pontal do Araguaia (MT), à beira do Rio Araguaia. O animal foi batizado e, posteriormente, também foi encontrado pelos pesquisadores na Chapada dos Guimarães e na cidade mato-grossense de Santa Terezinha.
Nós entramos em contato com Ariovaldo Giaretta, professor do Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal (Icenp/UFU) e quem liderou o grupo de pesquisa responsável pela identificação da espécie na época. Na verdade, o anfíbio encontrado por Mesquita, apesar de ser do mesmo gênero, não é da mesma espécie descoberta pela UFU.
Giaretta acredita que a brasiliense tenha encontrado uma perereca da espécie Pithecopus hypochondrialis, que foi descoberta em 1800 pelo zoólogo François Marie Daudin e que está presente do Suriname à região central do Brasil.
Relembre a descoberta da UFU
Giaretta é o professor que liderou o grupo de pesquisa responsável pela identificação da espécie. Ele comenta que foi o primeiro membro da equipe a ter contato com o animal, numa pesquisa de campo ocorrida em 2010.
“Naquela ocasião, ao ouvir o canto dos machos no campo, percebi que era algo inusitado e pensei que poderia ser uma espécie conhecida do Nordeste do Brasil. A Isabelle Aquemi Haga, que foi minha aluna de Ciências Biológicas [na UFU] até 2013, manifestou interesse no estudo das espécies do grupo e sugeri a ela que avaliasse a identidade desses espécimes mais detalhadamente. A partir de então, ampliamos a equipe e, em parceria com a Unicamp, onde ela estava cursando mestrado na época, coletamos mais dados em campo no ano de 2014. Fazendo a comparação da morfologia e do canto com os das [espécies] encontradas no Nordeste, vimos claras diferenças”, revela.
Felipe Silva de Andrade foi outro egresso do curso de Ciências Biológicas da UFU incluído no projeto. Ele também foi colega de Haga no mestrado em Biologia Animal, cursado na Unicamp até 2015, no qual ambos receberam a orientação da professora Shirlei Maria Recco-Pimentel. “O interessante é que ela também foi minha orientadora na graduação, finalizada em 1990, de forma que são três gerações unidas na elaboração desse trabalho agora divulgado”, ressaltou Giaretta na época.
Além dos quatro pesquisadores já citados, o último membro da equipe responsável pela descoberta foi o biólogo Daniel Pacheco Bruschi, que cursou seu doutorado na universidade paulista.
Ainda de acordo com Giaretta, estudos taxonômicos, como este, conferem oficialidade e formalismo à biodiversidade. “Obviamente, as espécies existem na natureza, porém, somente procedimentos técnicos específicos permitem atribuição de nomes que condicionam a comunidade científica e política a se referir especificamente a elas com precisão e sem ambiguidades”, pontua.
Ele destaca, ainda, que a parceria com a Unicamp durante todo o processo foi fundamental para o êxito dos resultados do trabalho: “São colegas com vasta experiência nas espécies do grupo de anfíbios que estávamos pesquisando, principalmente o que tange à diferenciação genética. A investigação em conjunto de todos esses aspectos sem dúvida alguma foi decisiva para que confirmássemos as distinções claras entre as espécies e concluíssemos que a essa população não poderia ser atribuído os nomes até então conhecidos”.
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