UFU deve lançar processo seletivo especial para ingresso de idosos em cursos de graduação

Realizada na última sexta-feira, 12 de abril, a quarta reunião ordinária do Conselho de Graduação da Universidade Federal de Uberlândia (Congrad/UFU) em 2024 teve entre os itens de pauta ajustes na Resolução nº 46/2022 – que estipula as Normas Gerais da Graduação da instituição. Relatado pela professora Noézia Maria Ramos, da Faculdade de Gestão de Negócios (Fagen/UFU), o processo apresentou a proposta de, após o término do período de matrículas dos processos seletivos para preenchimento das vagas ociosas nos cursos de graduação da UFU, caso ainda haja vagas disponíveis, seja lançado um novo edital aberto exclusivamente à participação de pessoas idosas – ou seja, com idade igual ou superior a 60 anos.

O parecer emitido pela docente da Fagen e apresentado aos membros do Congrad foi favorável à proposta, tendo entre os seus argumentos principais o “Estatuto do Idoso”, isto é, a Lei nº 10.741/2003, que regulamenta os direitos assegurados às pessoas na referida faixa etária. Outros aspectos apontados no documento são estatísticas do Censo Demográfico 2022, segundo o qual houve crescimento recente de 57,4% da população idosa brasileira: “...a taxa de mortalidade caiu de 17,22% em 2010 para 10,30% em 2020, aumentando a perspectiva de vida em 7 anos, saindo do cenário de 2010 em 77 anos para mulheres e 70 anos para os homens, para uma expectativa em 2030 de 84 anos para mulheres e 77 anos para homens. Este cenário nos apresenta que da população brasileira de 203 milhões de habitantes, 32 milhões referem-se ao grupo pertencente aos 60+, 15,81% da população (...) Trazendo estes números para a nossa cidade de Uberlândia-MG, temos uma população residente na área urbana de 713.224, sendo 101.425 na faixa etária de 60 e 84 anos.”

Com aproximadamente 95% de votos favoráveis, a matéria foi aprovada pelos conselheiros e coloca a UFU como pioneira neste tipo de iniciativa entre as instituições de ensino superior do Sudeste Brasileiro. “Nossa universidade está sendo a terceira do país a adotar este processo seletivo especial. As outras duas foram a Universidade Federal do Sergipe (UFS), onde a seleção tinha como critério os resultados nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e cuja adesão foi relativamente baixa [24 inscritos e 11 classificados]; e a Universidade de Brasília (UnB), que lançou um edital nos mesmos moldes que estamos pensando, com aplicação de uma prova de Redação. Na capital federal, houve 3.024 inscritos e 135 aprovados”, informa Ramos.

Ainda de acordo com ela, as alterações na resolução da UFU vão permitir a oferta de, no máximo, duas vagas por curso/turno para pessoas idosas: “No texto do meu parecer, citei um trecho do Artigo 3º do Estatuto do Idoso, que afirma que é obrigação não só da família e da comunidade, como da sociedade e do poder público assegurar à pessoa idosa prioridade no direito à educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, dentre outras. Entendemos que os nossos espaços oportunizarão atender a todos esses direitos, pois poderemos oportunizar uma educação de qualidade; fortalecimento cultura por meio dos nossos projetos sociais; revitalização física e locomotora com acesso aos espaços destinados aos trabalhos corporais voltados ao público 60+ proporcionados pelo Campus Educação Física em seus diversos projetos já existentes; dignidade e momentos de lazer com a interatividade disponibilizada pelos diversos projetos realizados pelos cursos de artes; além da possiblidade de trazê-los para experenciar alguns momentos de entendimento das oportunidades trabalhistas permeados pelos infinitos projetos extensionistas realizados pelos conteúdos com este fim.”

Valder Steffen Junior também é um entusiasta da novidade e a elenca como mais uma demonstração do compromisso social da instituição. “O contexto atual aponta que esta parcela da população brasileira tem interesse em aprender mais, em atualizar-se, em enfrentar desafios novos provocados por novos conhecimentos e habilidades. O Conselho de Graduação, sensível a esta demanda, houve por bem aprovar o aproveitamento de vagas ociosas de cursos de graduação para oferecê-las à comunidade 60+, sem nenhum prejuízo para os demais candidatos a uma vaga na UFU. Estou certo que a UFU haverá de ganhar com esta nova experiência educacional de inclusão e de cidadania”, ressalta o reitor da Universidade Federal de Uberlândia.

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