Pesquisadores da UFU analisam estratégia didática que concilia conceitos e práticas na área de Contabilidade

Valor residual, depreciação, amortização, unidade de conta, gastos, receita, ativo e moeda funcional. Apesar da complexidade, esses conceitos contábeis podem ser estudados de forma prática e aplicada a partir de casos para ensino, como o “Open Safari”. 

Essa estratégia didática, que substitui a exposição conceitual pela interação sobre situações realísticas no âmbito dos negócios, foi objeto de um estudo recentemente, publicado na Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão, pelo doutorando Bruno Barbosa de Souza, junto ao professor orientador Gilberto José Miranda, ambos do Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (PPGCC/UFU), e em parceria com a professora Silvia Pereira de Castro Casa Nova, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (USP).

“Vamos supor que você é professor e quer ensinar custos para alunos de contabilidade. Você pode montar uma aula para explicar o que é, quais os tipos de custos e como eles são calculados e aplicados em uma empresa. Outra alternativa é utilizar um caso para ensino para ensinar esse tema, tornando o conceito de custos na contabilidade mais tangível”, sugere Souza.

O caso “Open Safari”, analisado no estudo, foi desenvolvido pelo International Accounting Standards Board (IASB), principal órgão internacional que emite normas contábeis. Nele, expõe-se a situação de uma empresa de turismo que enfrenta desafios contábeis e financeiros para serem resolvidos em sala de aula. 

Apesar da relevância deste caso, Souza avalia que, em geral, “o caso precisa ser construído considerando a realidade do estudante para facilitar o aprendizado. Por exemplo, um estudante brasileiro pode ter dificuldades de entender o cenário de uma companhia de turismo de outro continente que oferece aos clientes as condições de realizar um safari, pois isso não é comum no Brasil”.

Segundo os autores, quando elaborados de maneira específica, os casos podem ser extremamente eficazes para o aprendizado. Para isso, é fundamental que o caso inclua muitos detalhes sobre um contexto específico do mundo dos negócios, facilitando a compreensão e aplicação dos conceitos pelos estudantes. 

Para isso, o artigo recomenda que os casos para estudo apresentem algumas características, como realismo, relevância e envolvimento.

Desenvolvimento de casos

Professora da UFU, Patrícia de Souza Costa utiliza casos para estudos em suas aulas de Teoria da Contabilidade e Contabilidade Financeira desde 2013. Na ocasião, ela publicou também um artigo sobre a experiência com o caso Open Safari. “Achei muito interessante a proposta de unir teoria e prática, possibilitar o desenvolvimento de habilidades de julgamento e tomada de decisão, trabalhar com incerteza, ensinar a partir de conceitos, auxiliar o estudante a entender os ‘porquês’ antes dos ‘o quês’ e ‘comos’”, detalha.

Além de utilizar casos em suas aulas, na pós-graduação, Costa estimula os doutorandos que cursam a disciplina de Teoria Avançada da Contabilidade a desenvolverem novos casos, que são publicados em revistas científicas ou livros e podem servir de referência didática nas várias áreas de contabilidade e negócios. “O objetivo é estimular docentes e futuros docentes a utilizarem casos para ensino em suas aulas”, conclui.

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