Publicado em 13/09/2024 às 16:47 - Atualizado em 23/09/2024 às 09:17
Neste sábado (14), às 20 horas, estreia a peça “O amor que não ousa dizer seu nome…”. Serão três apresentações gratuitas, abertas ao público, na Sala Interpretação do Instituto de Artes da Universidade Federal de Uberlândia (Iarte/UFU), Bloco 3M. As outras sessões acontecem em 15 de setembro, às 18 horas; e em 21 de setembro, às 20 horas.
O espetáculo se caracteriza como uma performance que aproxima o texto de “As bacantes” – tragédia grega escrita pelo dramaturgo Eurípides (485-406 AEC) que conta uma história de Dioniso – a relatos sobre repressão sexual vivenciada pela população LGBTQIA+ na contemporaneidade.
As apresentações marcam a conclusão da pesquisa de iniciação científica do estudante de Artes Cênicas Guilherme Pimentel, responsável pela concepção e atuação do experimento cênico, dirigido pela professora orientadora Renata Kamla, do Iarte/UFU, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic-UFU). O trabalho também foi contemplado pelo Programa de Excelência em Pesquisa (PEP-UFU), que incentiva projetos da instituição classificados com maior potencial para produção de conhecimentos e produtos.
Processo de pesquisa
O estudante comenta que a ideia da pesquisa surgiu assim que ingressou na universidade, quando cursou uma disciplina chamada “Transformações das Tradições Teatrais Clássicas”, que apresenta as teorias e adaptações da poética teatral oriunda da cultura ocidental.
“Nessa disciplina, eu fiz um seminário sobre a peça ‘As bacantes’, de Eurípides, com foco em um personagem chamado Penteu, que era rei de Tebas e proíbe o culto a Dionísio, e ele é morto por Dioniso. A pesquisa se direciona para a causa da morte dele nessa narrativa, e eu sigo uma linha de pesquisa que fala que a causa da morte dele é essa vontade, esse desejo, o amor reprimido por Dioniso”, relata o estudante.
Com base nessa hipótese, o estudante passou a buscar outras formas contemporâneas de repressão sexual vivenciadas pela população LGBTQIAPN+, o que fez por meio de um questionário anônimo. “O objetivo era trazer relatos sobre os sistemas de poder que tentam apagar a nossa existência. E aí as pessoas trouxeram relatos sobre questões relacionadas ao mercado de trabalho, ao peso da religião, o papel da família, o lugar da escola”, detalha Pimentel. Esses relatos fazem parte da peça.
No processo de pesquisa, o bolsista teve como referência os estudos do pesquisador Kenneth Dover sobre as manifestações da homossexualidade na Grécia Antiga e buscou uma visão contemporânea trazida pelo escritor brasileiro João Silvério Trevisan na obra ‘Devassos no paraíso’. “A pesquisa também tem um intuito autobiográfico, tendo como referência a escrita autobiográfica performativa teorizada pela [dramaturga] Janaína Fontes Leite”, acrescenta.
Além das apresentações do experimento cênico na UFU, Pimentel discutirá os processos e resultados de sua pesquisa em congressos acadêmicos da área ainda neste ano, em setembro, na XII Reunião Científica da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (Abrace 2024), e em novembro, no V Encontro Latino-Americano de Investigadores(as) sobre Corpos e Corporalidades nas Culturas.
Sobre a peça
“O AMOR QUE NÃO OUSA DIZER SEU NOME…”
Gênero: Performance / Experimento cênico
Duração: 45 min
Local: Sala Interpretação do Instituto de Artes da UFU (Bloco 3M)
Horários: 14 de setembro, às 20 horas; 15 de setembro, às 18 horas; 21 de setembro, às 20 horas.
Evento gratuito e aberto ao público
Ficha Técnica:
Direção e orientação: Renata Kamla
Concepção e atuação: Guilherme Pimentel
Dramaturgia: Autoral, inspirado em “As bacantes”, de Eurípedes e recortes de depoimentos anônimos
Direção de movimento: Maitê Máximo
Design de som: CX Martins
Operação de som: Gabriela Rufina e Raffaela Haziel
Produção: Guilherme Pimentel, Gabriela Rufina e Raffaela Haziel
Concepção e atuação da luz: Júlia Ceneda
Fotografia: Camila Branco Ribeiro e Amanda Bianco
Figurino: Lara Puccinelli
Maquiagem: Bru Garcia
Cenário: Guilherme Pimentel
Design gráfico: Rafaella Haziel
Apoio: Grudub - Grupo de dublagem
Depoimentos: Anônimos
Apoio:
Curso de Teatro
Laboratório de Interpretação e Encenação (LIE)
Laboratório de Indumentária, Cenografia e Adereços Cênicos (Lica)
Laboratório Audiovisual de Artes Cênicas (Laacenicas)
Programa de Excelência em Pesquisa (PEP)
Instituto de Artes (Iarte)
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
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Palavras-chave: pesquisa Artes Cênicas teatro LGBT+
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