Publicado em 17/10/2024 às 09:16 - Atualizado em 22/10/2024 às 12:12
Neste final de semana, as disputas da Olimpíada Universitária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) estão de volta. O cronograma teve uma pausa por conta do primeiro turno das eleições municipais e dos Jogos Universitários Brasileiro (JUBs). Mas, mesmo com a distância de mais de duas semanas no tempo, o domingo de atletismo, 29 de setembro, além de ficar marcado na história do evento, também estará sempre nas lembranças de alguns estudantes-atletas e, principalmente, na história da modalidade no âmbito universitário UFU.
Trezentos e setenta inscritos. Dezoito atléticas. Dez provas diferentes. Disputas que iniciaram às 8h e seguiram até as 16h, no Sesi Gravatás. Assim se desenhou a competição de atletismo da Olimpíada Universitária UFU 2024. Entre várias conquistas, recordes pessoais e da competição batidos, destaque também para a dedicação extrauniversitária que alguns estudantes-atletas estão dando para a prática da modalidade, seja para alcançar objetivos dentro do nível universitário ou para alçar voos para o profissional.
Campeões, mais uma vez e recordistas
Na edição do ano passado da Olimpíada, os estudantes Valter Lucas Lourenço (Educação Física) e Ramon Guimarães (Engenharia da Computação) puderam ser vistos lado a lado na prova dos 100m rasos. Por conta de uma lesão do futuro engenheiro durante a corrida final, os últimos metros entre os dois não foram disputados da forma como todos esperavam, mas ambos saíram da competição com uma conquista individual: Valter conquistou o ouro e Ramon estabeleceu o novo recorde da prova ainda na bateria da semifinal, 10s5.
Neste ano, ambos tiveram outras conquistas e estabeleceram novas marcas. O estudante de Educação Física novamente conquistou o ouro nos 100m rasos, se tornando tricampeão da prova. Ele também ficou em primeiro no salto em distância, prova esta que é sua especialidade e na qual também foi campeão das últimas três edições. Além disso, de lá para cá, ele bateu o recorde do salto em distância da UFU cinco vezes. Começou com 6,68m em 2022 e agora, em 2024, estabeleceu a marca de 7,28m.
Já Ramon Guimarães mudou os planos neste ano e, ainda assim, garantiu mais uma medalha e recorde. Ele optou por correr os 200m rasos e estrear nos 400m. Estreou, venceu e estabeleceu um novo tempo a ser batido. Agora o nome dele aparece duas vezes na lista de recordes: 50s2 nos 400m, em 2024, e, ainda, os 10s5 nos 100m, em 2023.
Uma semelhança entre ambos é a dedicação extra e exclusiva ao atletismo. Ramon, que treina há dois anos, integra a equipe Body in Action, que conta com profissionais de educação física, fisioterapia, nutrição e psicologia. O que era apenas para ser uma atividade extracurricular se transformou em algo sério. “Após ter passado por eventos pessoais que me fizeram repensar meus caminhos na universidade, decidi que não queria apenas ‘passar’ pela graduação e ao final conquistar um diploma”, afirma Guimarães que, por ser corredor de rua na época, decidiu procurar uma equipe de corrida na atlética do curso e descobriu o atletismo. “Comecei a treinar com eles e o treinador da equipe na época, John Maycon, que atualmente é o meu treinador, viu o meu potencial para provas de velocidade. Aquilo me despertou algo e eu decidi que queria fazer a coisa toda valer a pena”, completa o estudante-atleta.
A trajetória de Valter Lucas é diferente. Ele passou a se dedicar ao atletismo não só para complementar sua história universitária, bem como a profissional. O estudante de Educação Física integra a equipe CTA Triângulo e também é treinador. Segundo o estudante, a dedicação extra é uma forma de aprender ao máximo a modalidade e conseguir transmitir isso aos futuros atletas por ele treinados. Coisa que ele já faz com algumas equipes de atletismo universitário da UFU e, de modo especial, com o estudante-atleta Rafael Fumero, que, assim como o Ramon, recebeu o convite do seu treinador, Valter, para se dedicar de modo exclusivo ao atletismo.
Inspirações e integração
Rafael Fumero é estudante de História e, desde criança, se dedica aos esportes. Começou com a natação, aos seis anos, e colecionou algumas medalhas até os 14. Durante a graduação na UFU passou a participar das equipes de atletismo, handebol e vôlei da atlética do curso, mas, por problemas com lesões, preferiu continuar apenas no atletismo.
Ele não abre mão de um esporte, já que acredita muito na importância dele no seu dia a dia. “Por ter uma rotina muito corrida, o esporte tem um papel fundamental na minha vida, e o atletismo entra como um apoio para minha saúde mental; não pode faltar no meu dia a dia. Sem contar que ele me ajuda a organizar melhor a minha vida. Minha alimentação, meu descanso, meu planejamento semanal sempre tem o atletismo ali e já não faz mais sentido para mim viver a semana sem o esporte”, afirma Fumero.
Além da importância que isso tem na sua rotina, Rafael também exalta o papel do esporte nas formações acadêmica, profissional e pessoal. “Eu acredito que o fomento ao esporte, desde a primeira infância, em todas as fases da educação, está alinhado aos estudos. Uma pessoa que tem a dedicação ao esporte constrói disciplina, constrói uma rotina, constrói a capacidade de se dedicar mais aos estudos”, comenta. E ressalta a contribuição do esporte como válvula de escape para as tensões da rotina de estudos e no quesito de sociabilidade, de trabalhar em equipe e de integrar com pessoas de cursos e realidades diferentes: “Na minha formação, o esporte foi essencial para entender a diferença de individualidade e individualismo, para entender como que se constrói uma relação coletiva com o seu treinador com as diversas pessoas que estão ali te assessorando, te ajudando e, também, com os outros atletas, sejam eles competidores ou colegas de equipe. A minha relação com uma série de pessoas da universidade existe hoje porque elas também são do atletismo. Então, eu devo muito, por exemplo, ao Ramon e à Joice, da Engenharia, ao Jhordann, da Educa, ao Valter, que é meu treinador, mas também um colega, atleta companheiro do ofício”, enfatiza Fumero, que competiu na Olimpíada UFU e pretende começar a participar de provas ofertadas pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e de modo federado.
Das pistas universitárias para as profissionais
Ramon Guimarães, Valter Lucas Lourenço e Joice Nascimento, estudante de Engenharia Química citada anteriormente, são estudantes-atletas da UFU que, além de participarem das competições universitárias internas e externas da universidade, neste ano passaram a disputar também competições profissionais. Ramon participou do Campeonato Estadual Mineiro e do Torneio Pró Índice. Já os outros dois - que compõem a mesma equipe, CTA Triângulo - competiram no Troféu Brasil de Atletismo, a principal competição da modalidade no país.
“Acho que a frase que define o que foi correr no Troféu Brasil é: 'Foi a realização de um sonho'. Porque, desde 2022, quando realmente foquei nos treinos apenas no atletismo, me dediquei completamente ao alto rendimento; esse era o objetivo. ‘Um dia eu quero correr o Troféu Brasil. Quero estar entre os melhores.' (...) [Eu] corri ao lado de uma das pessoas que eu mais admiro no 400m com barreira, que é a Chayene da Silva [atleta olímpica], que é a atleta top1 do ranking nos 400m com barreira no Brasil. Então, assim, eu corri na mesma série que ela. Eu estava no céu”, descreve Nascimento, ao relembrar como foi estar na competição, que aconteceu em São Paulo, no último mês de junho.
Ela também iniciou no atletismo por meio do esporte universitário. Ainda na época de vestibular, passou a praticar corrida de rua para relaxar das horas de estudo e até mesmo para memorizar o conteúdo. Quando ingressou na UFU, no curso de Engenharia Química, conheceu o atletismo de modo detalhado e se apaixonou pelo esporte. “Eu nunca fui uma pessoa que gostasse muito de atividade física, de esporte, nem nada. Nunca tive uma modalidade que eu realmente gostava até conhecer o atletismo. Sério; eu me apaixonei! Pelas provas, pelas competições, e eu falei que 'é isso que eu quero para a minha vida! Quero me tornar uma atleta! Eu quero ver até onde esse esporte pode me levar!'”, afirma a estudante-atleta, que também ressalta uma frase que a motiva a seguir no atletismo: “Eu ouvi uma frase uma vez que me marcou muito. Ela diz mais ou menos o seguinte: 'demore o tempo que for necessário para descobrir no que você é boa, mas a partir do momento que você descobrir, não desista jamais disso'.”
O atletismo e esporte universitário na UFU
Joice, na Olimpíada UFU deste ano, foi a maior medalhista da competição entre as mulheres. Conquistou quatro medalhas: ouro no salto em distância, prata nos 400m rasos e no revezamento 4x100m, e bronze nos 100m rasos. Há dois anos, ela se dedica ao atletismo de forma especial, chegando a treinar de segunda a segunda, em períodos intensos de competição. Além dos treinos específicos da modalidade, ela faz os de fortalecimento na academia e ainda conta com acompanhamento psicológico. “Não adianta o corpo estar bem, se a cabeça não estiver. Mente manda muito, controla a gente. Até para conseguir desempenhar bem os treinos, conseguir desempenhar bem durante a competição, competir bem, estar bem fisicamente, mentalmente; então, é importante esse trabalho com psicólogo”, exalta a estudante-atleta.
Além de ser estudante e atleta, ela também é arbitra de atletismo, assim como Valter Lucas Lourenço. Ambos se envolvem com o atletismo de diferentes maneiras, têm contato com diferentes níveis de competidores e ressaltam muito a importância do esporte universitário. Valter, por ser treinador, consegue fazer uma avaliação da evolução da modalidade na UFU. “Comparar algo de 2024 com 2022 tem uma diferença absurda. Tanto em relação à quantidade de pessoas praticando quanto ao senso de responsabilidade e comprometimento que os atletas vêm tendo durante os treinos”, testemunha o estudante de Educação Física.
Todos os estudantes entrevistados apontam que a prática esportiva contribui com os desenvolvimentos pessoal, profissional e acadêmico. A rotina esportiva os torna mais disciplinados, comprometidos, além de ensiná-los a trabalhar em equipe e ser uma válvula de escape para as tensões do dia a dia. “Habilidades como disciplina, persistência, organização e foco caem bem em todas as áreas e, quando bem enraizadas em uma área, acabam por refletir em outros aspectos da vida também”, argumenta Ramon Guimarães.
A Olimpíada UFU é um evento que celebra e fomenta o esporte universitário. Neste ano, os estudantes-atletas da universidade estão disputando 14 modalidades esportivas, entre coletivas e individuais. Neste sábado, 19/10, as atividades esportivas retornam pelas disputas das oitavas de final das modalidades coletivas, sequência da competição do tênis de campo e o judô. Os jogos acontecem em três praças esportivas: no Campus Educação Física, no Sesi Gravatás e no Uberlândia Tênis Clube (UTC). O evento é aberto ao público e tem disputas acontecendo a partir das 8h.
Veja, abaixo, uma galeria especial com as competições do atletismo:
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