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SAÚDE

Pesquisa da UFU avalia atividade antimicrobiana do Canabidiol

Estudo mostrou o potencial do composto bioativo como alternativa terapêutica no combate a infecções bacterianas

Publicado em 28/01/2025 às 10:04 - Atualizado em 30/01/2025 às 18:40

De acordo com Santos, a cannabis tem se revelado uma planta com inúmeras ações farmacológicas (Imagem: Freepik)

O Laboratório de Ensaios Antimicrobianos da Universidade Federal de Uberlândia (Lea/UFU) realizou uma pesquisa para avaliar a atividade antibacteriana do  Canabidiol (CBD), um composto bioativo extraído da planta Cannabis sativa, no combate às  bactérias causadoras de periodontite, uma doença inflamatória crônica que afeta o periodonto e atinge os tecidos de suporte dos dentes,  podendo causar sua perda. Além disso, o estudo analisou se o uso do CBD seria seguro para seres vivos, por meio de testes em uma espécie de vermes chamada Caenorhabditis elegans, empregado em estudos por permitir testar, de forma simples e confiável, a toxicidade  de determinadas substâncias antes de experimentos mais complexos. Os resultados mostraram o potencial do CBD como uma alternativa terapêutica no combate a infecções bacterianas associadas à periodontite. 

Desenvolvida como projeto de Iniciação Científica (IC), a ideia surgiu em 2021, por meio dos estudos da ex-graduanda de Biomedicina e atual mestranda em Imunologia e Parasitologia Aplicadas pela UFU, Anna Lívia Oliveira Santos. A estudante estava cursando uma disciplina de Produtos Naturais, que abordava a Cannabis medicinal, quando se interessou por pesquisar o assunto. Dessa forma, entrou em contato com o professor Carlos Henrique Gomes Martins, do Instituto de Ciências Biomédicas, para iniciarem uma pesquisa sobre o tema.

“Na mesma época [que cursava a disciplina de Produtos Naturais], meu primo, que é microbiologista e desenvolvia pesquisas com microrganismos, me incentivou a entrar em contato com o professor Carlos Henrique, da microbiologia da UFU, para desenvolver um projeto sobre produtos naturais no combate às bactérias", lembra Santos sobre o começo da pesquisa. 

De início, a pesquisa fez um levantamento bibliográfico sobre as principais doenças infecciosas causadas por bactérias, focando nas que apresentavam uma crescente resistência aos antibióticos. A partir disso, iniciou-se a investigação da atividade antibacteriana do CBD no combate às bactérias causadoras da periodontite. O projeto começou no final de 2022 e a parte experimental foi finalizada no início de 2024.

 

Orientanda e orientador
Anna Lívia buscou orientação do professor Carlos Henrique Gomes Martins (Foto: Acervo pessoal)

A equipe de pesquisa foi orientada por Martins e composta por Santos, as doutorandas Mariana Brentini Santiago e Nagela Bernadelli Sousa Silva, e a aluna de IC Sara Lemes de Souza. O estudo conta também com a colaboração do professor Joaquim Maurício Duarte Almeida da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), responsável pela disponibilização do CBD usado no estudo.

“Trabalhamos com diversas técnicas microbiológicas, sempre buscando garantir a reprodutibilidade e a precisão dos nossos resultados. Durante o processo de fazer pesquisa, sempre há algumas dificuldades como as variáveis experimentais, mas conseguimos superar esses desafios em equipe e com o apoio constante do nosso orientador”, comenta Santos.

Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico Journal of Applied of Microbiology, em janeiro de 2025, uma revista científica de publicação mensal com grande influência na área de microbiologia aplicada. Para Santos, a publicação valida o trabalho realizado e permite que mais pessoas acessem e se beneficiem das descobertas feitas. Também é importante que pesquisas realizadas com recursos públicos tenham seus resultados apresentados para a comunidade especializada e o público leigo — é uma forma de transparência do uso desses recursos.

“Esse estudo pode ter um grande impacto tanto para a comunidade acadêmica quanto para a sociedade em geral. Para a academia, ele abre portas para novas pesquisas sobre o uso de produtos naturais no combate a bactérias resistentes, um problema crescente na medicina. Para a sociedade, o estudo vai além do benefício direto de novas opções terapêuticas menos agressivas e com menos efeitos colaterais, oferecendo uma opção mais segura para quem sofre de infecções periodontais. Ele ajuda a quebrar o preconceito em torno da Cannabis, especialmente no Brasil, onde ainda existe muita resistência a essa planta”, finaliza Santos. 


 

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Palavras-chave: Cannabis medicamentos Bolsas; Iniciação Científica; Pesquisa; canabidiol

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