Publicado em 12/03/2025 às 09:00 - Atualizado em 12/03/2025 às 11:45
Você já se perguntou o que aconteceria se um objeto viesse do espaço e atingisse a Terra na velocidade da luz? Rogério Moreira, seguidor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), não só já se perguntou, como já imaginou isso acontecendo com uma agulha. Ele enviou a dúvida nas nossas redes sociais.
Para respondê-la, consultamos Fabrício Kalaki, mestrando em Astronomia pelo Programa de Pós-Graduação em Física da UFU. Primeiramente, é importante entender que, de acordo com a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, é impossível que qualquer objeto com massa atinja a velocidade da luz. Isso acontece porque, à medida que um corpo acelera, sua massa efetiva aumenta, exigindo uma energia infinita para ultrapassar o limite da luz.
Kalaki explica que, mesmo que uma agulha conseguisse viajar a 99,99% da velocidade da luz, os efeitos seriam catastróficos: “teríamos sérios problemas, uma vez que teríamos um corpo com massa viajando a uma velocidade extremamente rápida, o que causaria uma enorme liberação de energia”.
Para ter uma ideia do estrago, Kalaki fez os cálculos. Se uma agulha de 5 gramas atingisse a Terra a essa velocidade, a energia cinética liberada seria de aproximadamente 654 quilotons de TNT. Em comparação, a bomba de Hiroshima teve um poder destrutivo de 15 quilotons. Ou seja, o impacto da agulha seria cerca de 44 mil vezes mais poderoso. A mesma coisa, se comparada com a bomba de Nagasaki, o impacto da agulha seria de quase 32 mil vezes a mais.
Caso o objeto nessas condições atingisse o solo, o impacto seria devastador. “Certamente teríamos a formação de uma cratera no local do impacto e, como a energia foi liberada, a onda de choque iria acarretar muita destruição, pior que uma bomba atômica”, explica o pesquisador.
Na vida real, objetos entram na atmosfera da Terra o tempo todo, mas a maioria se desintegra devido ao atrito. “Esses objetos menores, ao serem comparados com a agulha, também são consumidos pela atmosfera, dando origem às estrelas cadentes ou meteoros. Alguns deles, dependendo do ângulo de entrada, podem até mesmo ricochetear na atmosfera e não chegar a atingir a superfície terrestre”, completa o mestrando.
Os impactos hipervelozes são colisões que acontecem em altíssimas velocidades e são estudados em diferentes áreas da ciência. Um exemplo disso são os Raios Cósmicos de Ultra-Alta Energia, partículas vindas do espaço profundo que atingem a Terra em velocidades extremas. Pesquisadores analisam como esses raios chegam até nós e se eles estão ligados a grandes estruturas do universo, como buracos negros e quasares.
Outro estudo investiga o plasma gerado quando meteoroides e detritos espaciais colidem a grandes velocidades, um fenômeno ainda pouco compreendido. Para isso, cientistas usam simulações para entender melhor as emissões que esses impactos geram. Já na Universidade de Kent, no Reino Unido, cientistas recriam essas colisões em laboratório usando um canhão especial que dispara projéteis a velocidades altíssimas para analisar os danos causados. E para quem tem curiosidade sobre como seria um impacto na Terra, há o Impact Earth!, uma ferramenta on-line que permite simular colisões de asteroides com nosso planeta, ajudando a entender os possíveis efeitos desses eventos.
O #CiênciaResponde é uma seção do portal Comunica UFU em que leitores e toda a comunidade enviam suas dúvidas sobre ciência. A partir delas, a equipe de comunicação entra em contato com pesquisadores da UFU para respondê-las. Caso queira participar, basta enviar sua dúvida com a hashtag #CiênciaResponde para o e-mail comunicaciencia@dirco.ufu.br, para as redes sociais da UFU ou para o WhatsApp (34) 99948-4655.
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