Publicado em 21/07/2025 às 10:46 - Atualizado em 25/07/2025 às 08:26
O Brasil avançou em suas estratégias para recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, meta assumida no Acordo de Paris. O novo Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg 2025 - 2028), recém-lançado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), atualizou as estratégias brasileiras para alcançar o objetivo de recuperar os 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 31 de dezembro de 2030. Este compromisso foi assumido inicialmente no Acordo de Paris, um tratado internacional assinado por 195 países em 2016 e que prevê medidas para conter os impactos das mudanças climáticas e limitar o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius. O compromisso será revisado este ano, na COP – 30, que ocorrerá em Belém (PA).
Segundo o Planaveg 2025-2028, serão combinadas quatro “estratégias transversais” (monitoramento, fomento à cadeia produtiva, financiamento e pesquisa) com “arranjos de implementação”, que preveem a recuperação da vegetação nativa em áreas de preservação permanente, reserva legal e uso restrito, além de áreas públicas e propriedades rurais de baixa produtividade.
O Campus Monte Carmelo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por meio do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Planejamento e Manejo da Paisagem Florestal (Nuplamflor), vinculado ao Instituto de Ciências Agrárias (Iciag), em parceria estabelecida por acordo de cooperação com a empresa Brandt Environmental Legacies, realizou uma pesquisa de desenvolvimento técnico e científico onde foi realizado um levantamento robusto e detalhado de dados públicos, organizados e implementados em uma plataforma WebGis pública e de fácil usabilidade.
Os pesquisadores mapearam mais de 1.265 registros em todo o território nacional referentes à cadeia da restauração florestal. Foram identificados 782 registros de viveiros florestais (empresas, autônomos, instituições públicas ou privadas); 293 iniciativas de restauração por plantio (ações que visam recuperar áreas degradadas por desmatamento, erosão do solo ou outros fatores, por meio do plantio de espécies nativas ou da promoção da regeneração natural); 71 grupos coletores de sementes (associações, grupos ou pessoas autônomas); 25 redes de sementes (pessoas ou organizações que promovem a coleta e venda de sementes florestais e, 94 centros de pesquisas em sementes e mudas florestais (instituições que desenvolvem estudos, como universidades, setores públicos e privados).
A plataforma pode ser acessada clicando aqui.
O mapa está disponível publicamente e já pode ser utilizado, principalmente, por meio de smartphone ou computador. A WebGis desenvolvida pode ser utilizada para ajudar na redução de custos da restauração florestal, auxiliando técnicos e tomadores de decisão a encontrar de maneira mais efetiva as informações de onde estão localizados, por exemplo, os viveiros florestais para aquisição de mudas para os projetos, ou mesmo os centros e laboratórios de pesquisas, redes de coletores de sementes, além de outros projetos oficializados de recuperação de áreas degradadas. Um ponto importante é a experiência de geolocalização que os mapas interativos proporcionam. Um cliente que esteja interessado em aquisição de mudas florestais em qualquer estado do país tem condições de acessar os dados pelo mapa criado.
A WebGis da restauração foi fundamental na apresentação e visualização dos dados, permitindo que os maiores atores da restauração no Brasil possam entender com clareza onde estão as principais regiões para criar um importante movimento pela economia florestal rumo ao cumprimento das metas do país no Acordo de Paris.
Dados do Observatório da Restauração e Reflorestamento revelam que o Brasil possui atualmente 153,14 mil hectares da cobertura vegetal original recuperada e 8,76 milhões de hectares reflorestados. Conforme estimativa do Departamento de Florestas do MMA, apenas para cumprir o Código Florestal (Lei 12.651/2012), o país tem um passivo ambiental de 25 milhões de hectares de vegetação nativa que precisa ser recuperada.
Para mobilizar ações de recuperação ambiental em várias frentes no planeta, as Nações Unidas lançaram a "Década da Restauração de Ecossistemas", na qual o Brasil está no centro das atenções. O país tem múltiplas urgências: o combate ao desmatamento e a busca de oportunidade para a recuperação do que foi degradado.
Liderado por dois pesquisadores da UFU, os professores Vicente Morais e Luciano França, o estudo também traz algumas das mais recentes luzes lançadas sobre o assunto na escala de Minas Gerais. Em recente pesquisa publicada pelo Nuplamflor Lab, na revista Environmental Monitoring and Assessment, da editora Springer Nature, Morais e França constataram que Minas Gerais apresenta um déficit de cobertura florestal em áreas protegidas pela legislação ambiental de aproximadamente 3,7 milhões de hectares. Nesse sentido, as áreas de Reserva Legal (RL) (2,2 milhões de hectares) e de Preservação Permanente dos Recursos Hídricos (APPs) (1,3 milhão de hectares) representam as maiores modalidades de áreas em desacordo com a legislação florestal.
Cerca de 819 milhões de toneladas de CO2 é o que as áreas degradadas em Minas Gerais poderiam estocar, caso estivessem recuperadas.
As emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no estado de Minas Gerais para o ano de 2022 foram de 169.364.450 tCO2eq - sigla que significa Toneladas de Dióxido de Carbono Equivalente. Esse valor de emissões é semelhante ao que 8,5 milhões de hectares de floresta amazônica absorvem em 1 ano. De acordo com o levantamento realizado, essas emissões de GEE foram distribuídas da seguinte forma entre os setores da economia: Agricultura (59.888.994 tCO2); Energia (35.829.487 tCO2); Mudança no Uso da Terra e Florestas (40.355.753 tCO2); Processos Industriais (24.013.172 tCO2); e Resíduos (9.277.044 tCO2).
Com este e outros estudos desenvolvidos pelo Nuplamflor, a UFU entra, portanto, na rota das pesquisas para conservação florestal dedicada ao enfrentamento e adaptação à mudança climática. Este e outros trabalhos podem ser acompanhados na página do laboratório na internet e em seu perfil no Instagram.
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Palavras-chave: restauração florestal Iciag UFU Campus Monte Carmelo
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