Publicado em 25/08/2025 às 10:29 - Atualizado em 13/09/2025 às 15:17
Quarta-feira, 26 de agosto de 1970, na cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, interior de Minas Gerais, era inaugurada a unidade de ensino para o ciclo profissionalizante do curso de Medicina da extinta Escola de Medicina e Cirurgia de Uberlândia (Emeciu). Os atendimentos à população iniciaram em outubro do mesmo ano, com apenas 27 leitos. Passados 55 anos deste marco histórico, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), conta com mais de 500 leitos ativos para atender a população dos 27 municípios da região Triângulo Norte, sendo referência no atendimento hospitalar e ambulatorial de média e alta complexidade.
A unidade de ensino foi construída para possibilitar aos estudantes da Emeciu um local onde pudessem desenvolver uma rede de atendimento à saúde da população em geral, visto que naquela época apenas a cidade de Uberaba apresentava tal estrutura. Em 1969, o Decreto-Lei nº 762, de 14 de agosto, autorizou o funcionamento da Universidade de Uberlândia (UnU), com a fusão de faculdades comunitárias existentes na cidade, dentre elas a Emeciu. No entanto, os estudantes ainda pagavam taxas e anuidades, já que apenas o hospital recebia verba federal. Em 24 de maio de 1978, a UnU foi definitivamente federalizada, por meio da Lei 6.532, passando a fazer parte do orçamento da União, nascendo assim a Universidade Federal de Uberlândia, onde todos os cursos passaram a ser gratuitos.
Hoje, o HC-UFU/Ebserh é palco de ensino para mais de 2600 estudantes de 12 cursos de graduação da UFU: Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Biomédica, Física Médica, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Saúde Coletiva e Serviço Social. Além de 170 alunos de quatro cursos da Escola Técnica de Saúde (Estes/UFU): Técnico em Análises Clínicas, Técnico em Enfermagem, Técnico em Saúde Bucal e Técnico em Segurança do Trabalho.
“Por meio deste hospital de ensino, os/as estudantes desenvolvem competências para uma formação profissional de excelência e com compromisso e responsabilidade social, que só é possível pelos/as diversos/as pessoas que contribuíram e contribuem cotidianamente com ele” destaca Gustavo Antonio Raimondi, gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFU/Ebserh e professor da Faculdade de Medicina (Famed/UFU).
Bárbara Maria Veríssimo Sabino, 29 anos, mudou-se da cidade de Ituiutaba, Minas Gerais, para cursar medicina na UFU. Hoje, no 10º período do curso, a estudante orgulha-se de ter furado a bolha. “Sou uma mulher preta que, com muito esforço e dedicação, contrariou as estatísticas ao ingressar em uma universidade pública e em um curso tão elitizado como a Medicina. Entre os meus sonhos, destaco não apenas concluir a graduação e realizar residência médica em cirurgia geral, mas também fazer a diferença na vida dos meus pacientes, mostrando, através da minha história, que tudo é possível quando existe determinação e coragem”, revela.
Sabino faz parte dos estudantes que utilizam as dependências do HC-UFU/Ebserh tanto para a formação profissional quanto pessoal. “O HC tem papel essencial na minha formação médica, pois é nele que consigo vivenciar de forma prática o que aprendi em sala de aula, desenvolvendo habilidades técnicas, raciocínio clínico e empatia no cuidado ao paciente. Além do ensino técnico, tenho vivido experiências incríveis com os pacientes, que me impactam profundamente e que levarei não apenas para minha vida profissional, mas também para minha vida pessoal. Do ponto de vista humano, sairei do HC melhor, mais consciente do meu papel social enquanto mulher preta e periférica, e ainda mais comprometida com uma medicina que seja inclusiva, transformadora e humana”, conclui a universitária.
Além da formação no ciclo inicial, o HC-UFU também oferece a residência (programa de pós-graduação que visa uma especialização). Atualmente, 410 profissionais participam do programa, que abarca residência médica, residência multiprofissional e residência uniprofissional.
Lorraine Crozara Faria de Sousa, nutricionista no Ambulatório de Hemodiálise do HC-UFU/Ebserh, desde 2022, iniciou sua relação com o hospital durante a residência multiprofissional em Atenção ao Paciente em Estado Crítico, em 2019. Mas, a profissional não imaginaria que durante o processo passaria de residente a paciente. Em 2020, aos 25 anos, Crozara sentiu uma forte dor lombar e imediatamente foi internada no HC-UFU/Ebserh, ficando por um mês. O local, que antes era o seu lugar de estudo, passou a ser o seu espaço de luta pela vida. O diagnóstico: neuromielite óptica, também conhecida como doença de Devic, uma doença autoimune rara que afeta o sistema nervoso central, principalmente o nervo óptico e a medula espinhal.
“Em menos de 24 horas, eu parei de andar e fiquei internada na clínica médica, no pronto-socorro e na UTI [Unidade Terapêutica Intensiva]. [...] O ambiente foi extremamente impactante para mim, porque as pessoas com quem eu trabalhava passaram a cuidar de mim. E eu senti o que é ser cuidada por esses profissionais e o que é estar nesse hospital sob outra ótica, sob outra perspectiva”, relembra Crozara.
A descoberta da doença fez a nutricionista trancar a residência multiprofissional, a qual viria a ser concluída em 2021, mesmo ano em que ingressou no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFU, com uma pesquisa sobre doença renal crônica. Mas a relação de Crozara com o HC-UFU/Ebserh não terminaria por aí, em 2 de fevereiro de 2022, a nutricionista foi convocada para tomar posse como servidora pública do hospital. E novamente o destino promove uma daquelas coincidências inacreditáveis, um dos lugares adaptados para recebê-la era exatamente o Ambulatório de Hemodiálise, local de desenvolvimento de sua pesquisa de mestrado.
“Eu não tenho palavras para descrever [a relação com o HC-UFU/Ebserh], porque é um vínculo muito forte. Até hoje, encontro nesses corredores profissionais que me conheceram lá em 2019, uma realidade completamente diferente. Eu abraço pessoas que cuidaram de mim na UTI. É um vínculo que permeia tanto o cuidado recebido, o cuidado ofertado, a parte da superação, a resiliência. É um caso de amor mesmo”, emociona-se a nutricionista, que em parceria com a modelo Sarah Bueno, publicou o livro “Delicadamente forte”. A produção conta as histórias das autoras convivendo com a deficiência, já na fase adulta.
Além dos programas de residência, o hospital serve de palco para desenvolvimento de pesquisas de ensino e de extensão, sejam na graduação ou pós-graduação. “O HC, nestes 55 anos de história, além de ser o principal equipamento assistencial que nós temos na região, também é o nosso maior laboratório de ensino. A UFU tem duas portas de entradas, a da Prograd [Pró-reitoria de Graduação], que é por onde os nossos alunos ingressam [nos cursos de graduação] e a porta do HC, que atende a sociedade de maneira pública e gratuita, 24 horas por dia”, avalia Carlos Henrique de Carvalho, reitor da UFU.
Com o tema “Incontáveis histórias de vida”, as celebrações dos 55 anos do HC-UFU/Ebserh iniciam amanhã, terça-feira, 26 de agosto, às 9h30, no anfiteatro do Bloco 2A da UFU, campus Umuarama. “Mais do que uma data comemorativa, este é um marco de gratidão e responsabilidade. São 55 anos de dedicação ao cuidado integral, à formação de profissionais de saúde e à produção de conhecimento, sempre guiados pelo zelo, cuidado e de excelência, além da preocupação contínua com os princípios de universalidade, equidade e integralidade que norteiam o SUS”, afirma o superintendente do HC-UFU/Ebserh, André Luiz de Oliveira.
Para conferir a programação completa, acesse a reportagem HC-UFU/Ebserh celebra aniversário de 55 anos na próxima terça (26).
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Palavras-chave: HC UFU aniversário Hospital das Clínicas UFU
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