Pular para o conteúdo principal
UFU em Pessoas

‘O que eu mais gosto mesmo é de ir na linha de frente apagar incêndio; meu olho chega a brilhar!’

Rafaela Resende, brigadista voluntária e estudante de Meio Ambiente na Escola Técnica de Saúde (Estes), é a terceira entrevistada da série ‘UFU em Pessoas’

Publicado em 20/08/2025 às 13:47 - Atualizado em 28/08/2025 às 09:56

Foto: Túlio Daniel | Arte: Divisão de Publicidade, Propaganda e Design Gráfico (DDPDG/DIRCO/UFU)

Estudante da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia (Estes/UFU) para se tornar técnica em meio ambiente, brigadista voluntária do Corpo de Bombeiros, ex-estudante da graduação em Engenharia de Produção e também atuante na área de ecoturismo. Pode parecer muita coisa, mas essa é a rotina de Rafaela Resende, terceira entrevistada da série “UFU em Pessoas, produzida pela equipe da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU).

Em pouco mais de 25 minutos de entrevista, Resende contou sobre sua trajetória de vida, sua ligação com o meio ambiente e com a preservação dos parques naturais da região, suas percepções sobre as diferenças entre o ensino técnico e o ensino tradicional, além da experiência no combate a incêndios ao lado do Corpo de Bombeiros. Natural de Araguari, ela mora em Uberlândia desde 2016 e enfatiza que seu caminho a trouxe até a Estes para concretizar uma especialização na área de meio ambiente.

 

Estudos na Estes

Rafaela está prestes a se formar na Escola Técnica de Saúde, já é o final de seu último semestre no curso. Contente com a nova formação, ela destaca a diversidade de conteúdos ofertados aos estudantes, com aulas sobre rochas, solos, tipos de restauração ecológica, além de questões burocráticas, como a parte de licenciamento ambiental, enfatizando a versatilidade e os amplos conteúdos apresentados e ministrados pela Estes.

“O curso técnico na Estes é bem completo, ele até superou minhas expectativas. Tem muita aula prática na área de laboratório, química, análises clínicas, análise da água, estações de tratamento e, principalmente, na área de solos, com práticas de manejar, de entender as características dele para restauração ambiental ou algum empreendimento”, detalha.

Ela conta que as aulas teóricas e práticas dão embasamento aos processos realizados em campo e nos laboratórios. “Por estarmos na área ambiental, nosso campo é externo; então, nossa vivência do dia a dia é fora da sala de aula. Sabemos que o ambiente é o todo, tanto dentro, quanto fora da sala, mas o campo mesmo vai além da sala de aula”, destaca.

Rafaela Resende em entrevista para o Comunica UFU
Rafaela comenta que perdeu a data de inscrição do processo seletivo para ingresso na Estes na primeira oportunidade, mas conseguiu a aprovação no ano seguinte. (Foto: Túlio Daniel)

Atuando desde 2018 na área ambiental, principalmente como voluntária no Parque Estadual do Pau Furado e no grupo Amigos da Cachoeira, Resende explica que os trabalhos envolvem educação ambiental e coletas de resíduos em cachoeiras, incluindo convites do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) para a realização de parcerias e atividades.

“A partir do momento que eu fui fazendo vários cursos e sendo voluntária na área ambiental, fui me destacando. Por motivos pessoais, abandonei o curso da graduação, mas continuei trabalhando na área ambiental, mesmo sem ser formada. Com isso, eu senti a necessidade de correr atrás de uma certificação; e como eu tinha alguns amigos que estavam na Estes, entrei na escola em 2024”, relata.
 

O conhecimento além da Estes

Motivada pela formação na Estes, Rafaela comenta que fez diversos outros cursos na área, especialmente em ecoturismo e educação ambiental, além de se aprofundar em perícia ambiental, tudo em paralelo ao ensino técnico. “Como tenho bastante experiência na área de combate a incêndios florestais, eu quero aproveitar esse conhecimento e entrar nessa área de perícia ambiental também”, completa.

Sua experiência prévia como brigadista ambiental voluntária é prova de que o envolvimento com a temática surgiu antes de sua entrada na Estes. “Assim que comecei a atuar como voluntária no Parque Ambiental do Pau Furado, em 2018, houve um incêndio no parque e eu não pude ajudar naquele momento, pois não estava na cidade. Então, assim que houve o curso de brigadista ambiental, eu me inscrevi”, ressalta, acrescentando que atua tanto no Pau Furado, quanto em outras unidades de conservação da região.

Resende em atuação como brigadista voluntária
“É difícil para a gente ouvir o fogo estralando e não poder fazer nada, fica aquela sensação de impotência” (Foto: acervo pessoal)

Outro ponto destacado por Resende é que o trabalho com incêndios florestais não consiste em simplesmente ir para a linha de frente e apagar o fogo. Além de todo o planejamento que existe para atuar em campo, com mapeamento de área, definição de grupos para o combate ao incêndio e outras medidas, há toda um trabalho que precisa ser feito com antecedência. Algumas dessas medidas incluem a educação ambiental nas escolas e campanhas de prevenção de incêndios florestais com pessoas e empresas, por exemplo, além do treinamento para os próprios brigadistas.

No caso de Resende, ela explicita que é brigadista voluntária desde 2018, e até chegou a ser brigadista florestal temporária entre 2020 e 2022, sendo contratada por quatro meses, no chamado período crítico (marcado pela seca e pelo aumento dos focos de incêndio, geralmente entre julho e outubro). Enquanto voluntária, ela está no grupo de comunicação dos moradores e pode auxiliar quando houver incêndios, além de ser convidada para palestras.

“Quando você é contratada, a dinâmica é totalmente diferente. Você realiza toda uma prevenção, conversa com os moradores vizinhos na chamada blitz educativa, apoia o parque na recepção de visitantes, faz ronda, dentre outras funções”, detalha.

Outro aspecto são os treinamentos: Resende informa que já possui os próprios Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) e também já realizou outros treinamentos, como o que é promovido anualmente pelo Corpo de Bombeiros, o de instrutora de brigada e o de embarque e desembarque de aeronaves, podendo embarcar e desembarcar em locais de difícil acesso. 

“Eu tenho todo esse conhecimento de linha de frente, que é a questão de apagar o incêndio, mas também o de bastidor, que inclui a prevenção, educação ambiental e tudo mais. Mas o que eu mais gosto mesmo é de ir na linha de frente apagar o fogo; meu olho chega a brilhar! Aquela sensação de ver o incêndio apagado e a área que você salvou acaba com todo o cansaço do dia”, exalta.
 

Outros aspectos

Estudantes da ESTES atuando em campo
"Conciliar a rotina de trabalho com os estudos na parte da noite é bem puxado. Mas é só conversar com os professores que dá tudo certo!", aponta Resende. (Foto: arquivo pessoal)

Como a maioria dos trabalhos são externos e fisicamente exaustivos, Rafaela pondera que os professores auxiliam nas aulas teóricas e na conciliação da experiência de coleta e análise de dados extensos, compreendendo as experiências anteriores de cada aluno na área.

“Na Estes, os professores são bem abertos e dinâmicos. Eles fazem uma apresentação no primeiro dia e já identificam o seu perfil. Como já trabalhava na área, eu trazia muita coisa da minha experiência com incêndios florestais, da minha vivência e do meu trabalho, comentando com fotos, comentários e relatos de pessoas com quem eu trabalhei; e isso sempre agregava nas aulas”, ressalta.

Por isso, é comum que, dentro de sala, algumas vezes, os próprios discentes contribuem de outra maneira com o conteúdo apresentado pelos docentes. Em outros casos, como em trabalhos de campo, as visitas podem ser guiadas pelos próprios alunos, como no caso do Parque Estadual do Pau Furado, onde Rafaela já conduziu seus colegas de sala e professores, por conta de sua experiência com o local.

“A gente vê que hoje o curso técnico tem uma grande abertura nas empresas, indústrias e consultorias ambientais, porque é o técnico mesmo que vai para campo, faz a coleta de dados e o manuseio de muitas coisas que o estudante de graduação não faz, já que a parte curricular não contempla tanto a parte prática como no técnico, ao meu ver”, opina a estudante. 

Por ser também um curso mais rápido, com duração de um ano e meio, além de possibilitar que o aluno já atue na área, isso também facilita na trajetória no mercado de trabalho, pois já está inserido nele enquanto vai aprendendo os detalhes teóricos e práticos da área.
 

UFU em Pessoas 

Esta é uma campanha institucional que, a cada mês, irá compartilhar a história de um estudante, técnico, docente ou tantos outros que fazem (ou fizeram) da UFU um lugar de aprendizado, transformação e pertencimento.  

É uma campanha sobre quem somos. E somos muitos!  

Acompanhe pelos nossos canais oficiais e permita-se emocionar, se reconhecer e se orgulhar de fazer parte da nossa história. Veja outras histórias na aba 'UFU em Pessoas'.

 

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

Palavras-chave: UFU em Pessoas Campanha Institucional ESTES

A11y