Geovana Lopes e Henrique Miranda: uma amizade construída na Eseba

Ao longo de nossas vidas, os nossos ciclos de amizades são feitos e desfeitos. Enquanto algumas pessoas entram nos nossos caminhos, outras partem. É o ciclo da vida. A amizade pode ser por um curto período ou pode durar anos, não importa o tempo, o importante é encontrar alguém que lhe faça bem e faça você se sentir uma pessoa especial. 

Assim, é a amizade de Geovanna Oliveira Lopes e Henrique D’Ângelo Miranda. Ela, estudante do 9ºC, ele, do 9ºA. Uma parceria construída ao longo dos últimos dez anos na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/UFU). Em 2014, aos três anos de idade, eles ingressaram no 1º período da Educação Infantil; iniciando assim os estudos formais e construindo uma história na educação pública de qualidade.

“A Eseba representa para mim uma família, uma grande família. Eu sinto que são amizades para a vida toda”, destaca Geovana. Henrique complementa: “Eu aprendi na escola que você não pode fazer o que você quiser, você tem que respeitar os outros, tem que respeitar o meio ambiente. Então, você tem que aprender a conviver, porque nem tudo o que você gosta, o que você faz, vai agradar as outras pessoas, e nem tudo vai agradar você”. 

Em 2025, a dupla encerra o ciclo na Eseba, já que o colégio oferece apenas os ensinos Infantil e Fundamental I e II. De tantas memórias construídas, as brincadeiras anos  iniciais são as primeiras a serem lembradas. “A gente sente falta dessa interação que tinha no Parque de Areia, a gente gostava, assim, de ficar lá”, relembra Henrique; enquanto Geovana reflete: “a gente aprendeu um tanto de coisas, era muito legal a hora da leitura”.

Brincadeiras como a ducha no tabuleiro de xadrez, a caça ao tesouro na floresta encantada, o momento de leitura ou a brincadeira do bet (carimbada, ou queimada) ainda se fazem presentes na memória da dupla. Espaço antes sinônimo de aprendizados e descobrimentos, hoje se tornam palcos dos inesquecíveis momentos vivenciados no dia a dia na Eseba.

Geovana e Henrique tiveram a oportunidade de dividirem a mesma turma em apenas uma ocasião: 1º ano do Ensino Fundamental I, mas isto não foi empecilho para a edificação da amizade. “A gente estudou só um ano juntos. Não estudamos na mesma sala, mas todo dia a gente conversa. A gente chega aqui na escola, ou ele vem para minha sala, eu vou lá na sala dele e conversamos. Porque é assim, a amizade para vida toda, igual uma família”, explica Geovana.

Em 2020, os estudantes estavam no 4º ano do Ensino Fundamental, o que a princípio significaria apenas uma mudança de turno (no período da manhã, frequentam a Eseba os estudantes do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental, enquanto no período da tarde estudam os alunos da Educação Infantil e do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental), representou uma significativa mudança na vida dos jovens. 

A pandemia da covid-19 assolou o mundo e as unidades de ensino viram-se obrigadas ao ensino remoto. “A gente teve uns 15 dias do 4º ano. A gente estava começando a se adaptar, aí começou a pandemia”, recorda Geovana. Henrique complementa: “O ano de 2020, praticamente, acho que a gente meio que perdeu ele, porque foi até a metade do ano fazendo roteiros de estudos que eles mandavam. Aí do meio do ano para frente de 2020, mais ou menos para julho e junho, a gente começou a usar o aplicativo Microsoft Teams, porque a escola achou esse aplicativo para ajudar”.

Após quase dois anos de atividades remotas, as aulas presenciais foram autorizadas. “Depois da pandemia, teve uns projetos aqui da escola de novo, que foi quando voltou às aulas no 6º ano para gente. Aí eu estava desacostumada com isso [aulas presenciais] e o Henrique veio conversar comigo, porque o Henrique é bem comunicativo”, relembra Geovana. 

 A amizade da dupla não se restringe às longas horas de conversas, eles participam do Grupo de Estudos, Pesquisas e Inovações Tecnológicas (GEPIT). Geovana desenvolve uma pesquisa sobre o extrativismo sustentável, enquanto Henrique debruça-se sobre os métodos de plantação sustentáveis.

Os projetos são desenvolvidos com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. “A gente aprende muito aqui na Eseba sobre a poluição. Eu acho que isso me motiva. Tem que tratar do [meio] ambiente que a gente vive, senão, futuramente, o mundo não vai ser mais agradável para viver”, reflete Geovana. 

Também com foco nos impactos do meio ambiente, o projeto de Henrique estuda métodos para a substituição do plástico. “Um dos métodos mais eficazes [da plantação] é de tubete de plástico, que parece uma cestinha de lixo pequena, que aí você coloca a semente e pode colocar umas ranhuras assim para direcionar as raízes para descer. O nosso projeto vai fazer o mesmo tubete, só que com outros materiais, como o bagaço de cana, a palhada da soja ou a casca do café”. 

O ciclo com a Eseba encerrar-se-á em 2025, mas os jovens já almejam um retorno à UFU. “Eu espero ir para uma escola boa agora no futuro e voltar para a UFU na faculdade, depois do ensino médio. Eu penso em agronomia”, revela Geovana.  Sentimento semelhante possui Henrique: “Então, eu acho que vou seguir para programação na UFU. Eu quero voltar”.

A Eseba representa aos estudantes um importante espaço para o convívio social. Assim como a amizade de Geovana e Henrique, muitas amizades foram, são e serão construídas, pois a educação vai muito além de ensinar os conteúdos presentes nos livros. É a preparação para a VIDA!

Eseba

A Escola de Educação Básica (Eseba) é uma Unidade Especial de Ensino da UFU com o objetivo oferecer ensino básico ao público da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, bem como oportunizar campo preferencial para estágios práticos de alunos dos cursos de licenciaturas dessa Universidade. 

A escola foi criada em 1977, antes mesmo da federalização da UFU, com a denominação de Escola Pré-Fundamental Nossa Casinha. Naquela época, a Eseba tinha como finalidade oferecer aos servidores da UFU uma educação de qualidade para as crianças na faixa etária de dois a seis anos, caracterizando-se assim como uma escola benefício. Posteriormente, em 1988, aconteceu a abertura das vagas da Eseba para a comunidade geral, conforme previsto pelo Tribunal de Contas da União, representando assim um marco significativo na democratização do acesso à educação.

Atualmente, o  ingresso acontece, anualmente, por meio de sorteio público. Para informações da Eseba, acesse o site: https://eseba.ufu.br/. 

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