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CIÊNCIA

Nascentes em risco: como o degelo nos Andes ameaça a Amazônia

Pesquisador da UFU participou de reportagem do Fantástico sobre como as mudanças climáticas afetam a Bacia Amazônica

Publicado em 19/11/2025 às 15:49 - Atualizado em 21/11/2025 às 11:50

Pesquisadores nos Andes
Grupo formado por pesquisadores de diferentes universidades estudam os solos gelados e as consequências do aquecimento global (Imagem: Reprodução/TV Globo)

A Amazônia, o maior reservatório de água doce do mundo, possui suas cabeceiras d’água na Cordilheira dos Andes, que são áreas elevadas e frias. Esse vasto ecossistema, essencial para o equilíbrio climático global, está interligado a regiões distantes, como a Antártida, que influenciam diretamente o regime de chuvas e o meio ambiente no Brasil.

O ponto de conexão crucial reside nos solos desses locais frios, que são vitais, por exemplo, para a fertilidade das áreas ribeirinhas da Amazônia e para a regulação do ciclo hidrológico.

Com o objetivo de explorar os solos da Cordilheira Apolobamba, no Peru, uma importante cabeceira da grande Bacia Amazônica, os pesquisadores Guilherme Correa e Eduardo Senra, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), juntamente com Carlos Ernesto Schaefer e Gabriel Palucci, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), realizaram mais uma expedição científica à região.

O local vem sofrendo mudanças significativas com as alterações climáticas, o que foi tema de uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo. A equipe fez o registro do trabalho do grupo de pesquisadores para compor a série especial “Terra, ainda temos tempo”, que abordou os impactos das mudanças climáticas na Bacia Amazônica, desde suas nascentes montanhosas até as planícies brasileiras.

O trabalho de campo na Cordilheira Apolobamba fará parte da tese de doutorado de Gabriel Palucci, egresso do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFU e atualmente doutorando na UFV. Os pesquisadores são integrantes do grupo Terrantar, sediado na UFV, que se destaca por possuir o maior acervo de solos e monitoramento pedoclimático das regiões frias do hemisfério sul.

Veja abaixo a reportagem que abordou o trabalho dos pesquisadores:

 

Degelo, garimpo e a ameaça à nascente do Rio Madeira

Na Cordilheira de Apolobamba, onde está a nascente do Rio Madeira, um dos principais afluentes do Amazonas, ocorre a perda de gelo mais rápida do planeta. O derretimento acelerado, combinado com o avanço do garimpo (cujo lixo, incluindo mercúrio, se espalha por quilômetros) e o desmatamento, provoca graves secas na Amazônia, um exemplo de como o ecossistema está conectado.

Senra, que é engenheiro florestal e professor do Instituto de Ciências Agrárias (Iciag/UFU), com pós-doutorado em Solos e Nutrição de Plantas, ressaltou os perigos na entrevista ao Fantástico: “aumentando a temperatura da atmosfera, você tem um poder destrutivo sobre a estabilidade [do gelo]. Há populações que dependem desse controle de abastecimento de água que deveria ficar preso nas montanhas a baixas temperaturas. Nos cenários de aquecimento, [o gelo] é liberado rapidamente e as populações ficam com menos água disponível”.

Além da escassez hídrica, junto com a água do degelo desce também o mercúrio proveniente do garimpo, intensificando os extremos climáticos.

 

A interconexão entre Antártida, Andes e Amazônia

Pesquisadores nos Andes
Brasil é afetado pelo degelo por causa de ecossistema conectado (Foto: Arquivo pessoal)

A complexidade desses ecossistemas terrestres está sendo investigada há 20 anos pelo grupo Terrantar, que reúne pesquisadores da UFV, UFU e instituições internacionais. “Todas as massas de ar frio que afetam o Sul e Sudeste do Brasil estão interligadas com essas áreas frias. Grande parte das nossas pesquisas depende de um monitoramento contínuo. Portanto, é fundamental que possamos coletar com frequência os dados que, após o processamento, ajudam a interpretar com que intensidade estão ocorrendo as alterações e, principalmente, projetar os impactos futuros não só para o continente antártico, mas também para áreas adjacentes”, explica Senra.

O episódio #136 do podcast Ciência ao Pé do Ouvido conversou com Eduardo Senra sobre a importância dos estudos dos solos gelados e outros aspectos que envolvem as expedições do grupo Terrantar. O episódio está disponível nas principais plataformas de podcast e também aqui no portal Comunica UFU.

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

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