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Dia do Cientista

Série Cientistas da UFU: Aline Teixeira

Conheça a patinadora que trouxe o lazer para os laboratórios do Design

Publicado em 21/07/2023 às 12:36 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:38

Aline Teixeira trouxe a paixão por patinação para a pesquisa. (Foto: Marco Cavalcanti / Arte: Ludimila de Castro)

 

Um prédio colorido, com desenhos pelas paredes internas e frases no entorno das portas fechadas devido ao período de férias. De uma das portas – essa aberta – quatro pessoas conversam sobre o uso de resina para a produção de peças. São dois alunos e duas jovens funcionárias da UFU. Uma delas é a professora Aline Teixeira. A pesquisadora tem um sorriso no rosto e vários materiais espalhados pela mesa. Os croquis colados no vidro do Laboratório de Usabilidade e Design Ergonômico (Lude) também se destacam: todos se relacionam com o ato de andar de patins e skate.

 

Os equipamentos foram doados para viabilizar a pesquisa. (Fotos: Marco Cavalcanti)

 

A pesquisa de Teixeira avalia a usabilidade de produtos de proteção para quem pratica esses esportes. Assim, ela nos recebe com cerca de quatro modelos de joelheiras e de cotoveleiras, dois tipos de protetores de pulso, um capacete, um par de patins e um shape de skate na mesa do Lude. Todos os materiais são doados pela própria professora ou por colegas.

“A pesquisa surgiu depois que eu me machuquei. Eu caí um tombo e estava com uma joelheira que não tinha esse tipo de proteção. E aí, isso aqui entrou no meu joelho ao invés de proteger. Ele entrou e eu tive um estiramento”, relata, enquanto mostra o modelo de forma didática. Para Teixeira, a queda faz parte da prática esportiva. Por isso, a proteção é importante, já que o atleta precisa ter consciência de que esse é o caminho para inibir lesões mais sérias.

 

O patins também é o meio de transporte usado por Aline para ir à UFU

 

Durante o uso, a pesquisadora percebeu questões na proteção usada na prática esportiva. Além da recusa em usar os materiais, o alto valor, já que são importados, diminui a quantidade de pessoas que optam por usar equipamentos de proteção. “A minha ideia inicial foi tentar lançar o meu olhar acadêmico, de pesquisadora e professora de design, de alguma forma sobre esse material. 'O que que eu conseguiria fazer para tentar colaborar com isso?’”.

Os testes de usabilidade feitos na pesquisa têm como objetivo analisar a eficiência e a eficácia dos produtos sob o olhar das necessidades e satisfação do usuário. Para Teixeira, o que diferencia o design de outras áreas é o olhar a partir das vivências do usuário. O trabalho é feito no Laboratório de Modelos e Protótipos (Lamop) e no Lude, e terá colaboração do laboratório Femec/Maker, da Faculdade de Engenharia Mecânica (Femec/UFU).

A primeira etapa consistiu em levantar os modelos de proteção existentes no mercado para as diferentes modalidades. Com isso, analisou-se a motivação dos usuários pela escolha de cada aparelho.

A próxima fase contará com testes dos equipamentos e relatórios das experiências de atletas amadores de patins e skate. E já há uma etapa que ainda não faz parte do projeto, mas que já está nos planos: as ações de conscientização. “Para que elas entendam que cair faz parte do esporte, cai mesmo, principalmente quando está aprendendo uma manobra nova. É um esporte que oferece risco. E essas ações, talvez, sejam um caminho para a gente pensar mais para frente como ações de pesquisa”.

 

Aline por ela mesma

A professora trouxe a sua paixão para a pesquisa

 

Como professora, Teixeira é responsável pelas disciplinas de Projeto e Oficina. Porém, ela afirma que tanto o que é apresentado para os alunos quanto a resposta deles em sala de aula mudam a cada turma: “O que eu mais gosto da área de design é que não tem nada igual de um ano para o outro. Eu sempre leciono as mesmas disciplinas, só que, de um ano para o outro, o tema varia demais, porque a gente sempre está focado no usuário, nas pessoas, e as pessoas e a sociedade mudam.”

Ela conta que gosta de ser pesquisadora, principalmente por quebrar o estereótipo atrelado a essa palavra. “Eu fico muito orgulhosa, hoje em dia, de estar nesse meio porque eu acho que a gente tem muito a contribuir com a sociedade e principalmente com o nosso país”, alega.

O amor pela pesquisa é passado para os seus dois filhos. A mais velha a acompanhava nas aulas na UFU desde os quatro anos de idade. "Ela é total perfil [de] pesquisadora; ela faz a iniciação científica no ensino médio”, aponta a professora. Já o filho mais novo opina em todo o desenvolvimento da pesquisa, com a sinceridade clássica de uma criança.

Essa mesma sinceridade aparece em Teixeira quando descreve sua preocupação com a pesquisa. “Quase todos os dias, eu fico preocupada que as coisas que a gente está fazendo aqui fiquem na gaveta. É uma coisa que me assusta porque a gente produz muito trabalho e, às vezes, não tem tempo de levar isso para a sociedade, levar esse resultado”. A pesquisadora ainda afirma que esse projeto foi elaborado para “sair do automático”, desenvolver mais devagar e tentar levar uma resposta para a população.

A professora convida os pesquisadores a olharem para as questões do seu dia a dia, não necessariamente aquela que você gosta mais, quando pensar em elaborar um projeto. “[Para] tentar resolver o nosso cotidiano, porque sempre é muito puxado. Já é muito sofrido. Então, se a gente conseguisse, com consciência, colaborar, eu acho que seria bem bacana”, conclui.

 

 

8 de julho é o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, instituído pelas leis 10.221 e 11.807. A data foi escolhida em homenagem à fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 8 de julho de 1948. O objetivo é destacar a importância da ciência para a sociedade e divulgar os trabalhos feitos pelos pesquisadores brasileiros. Em comemoração ao 8 de julho, em todas as segundas-feiras deste mês, o portal Comunica UFU publica a série “Cientistas da UFU”, em que apresentamos alguns de nossos pesquisadores em diferentes etapas de formação. Acompanhe!

 

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