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CIÊNCIA

Diferença salarial entre homens e mulheres em Uberlândia é maior entre mais escolarizados

Aproveite o Dia do Trabalho para conhecer o estudo do Cepes/UFU que levantou dados sobre as profissionais do município

Publicado em 29/04/2019 às 17:44 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

 

Ester Willian Ferreira e Alanna Santos de Oliveira são pesquisadoras do Cepes/UFU (Foto: Alexandre Costa)

 

A participação de mulheres no mercado de trabalho formal uberlandense vem crescendo e superando indicativos de outros lugares. É o que aponta uma trilogia de estudos intitulada “A Mulher no Município de Uberlândia-MG: Trabalho, Educação e Demografia”, desenvolvida pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU). A pesquisa traz um panorama da mulher nos vários segmentos da sociedade local, apresentando dados concretos e discussões a respeito do tema.

Segundo as pesquisadoras Alanna Santos de Oliveira e Ester Willian Ferreira, economistas do Cepes responsáveis pelo estudo, a primeira parte, sobre “Inserção da Mulher no Mercado Formal de Trabalho do Município de Uberlândia”, busca responder questões relacionadas à participação da mulher no mercado de trabalho no município; setores em que elas atuam; remuneração e equiparação salarial, entre outros.

A publicação, disponível na página do Cepes/UFU, apresenta dados apenas sobre o mercado formal, visto que foram utilizadas informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Esses volumes contêm dados relacionados aos principais setores de atuação e possibilita a análise das remunerações por gênero. Neste sentido, para as pesquisadoras, é possível afirmar que houve avanços, mas ainda há muitos desafios para se alcançar a igualdade entre homens e mulheres .

“A inserção da mulher no mercado de trabalho aumentou. Em 2000, a taxa era de 36% para mulheres e 64% para homens. Já em 2017, fica demonstrado que a distribuição ficou um pouco mais igual, com 45% de inserção para as mulheres. Essa inserção traduz um avanço, fruto de muitas conquistas e lutas”, destaca Ferreira. Mas, para as pesquisadoras, mesmo com os avanços, ainda existem desafios a serem superados, como a participação de mulheres em algumas áreas.

O estudo mostrou que, enquanto a mulher tem atuações mais expressivas em áreas ligadas à administração pública, saúde, ensino e instituições financeiras, outros setores, como a construção civil, não chegam a registrar nem 10% de participação feminina. A administração pública é o setor que mais emprega mulheres. O setor, que detinha 10% das vagas de emprego formal em 2000; 11% em 2005; 9% em 2010 e 6% em 2015, é único onde a participação feminina na ocupação dos postos de trabalho superou a participação dos homens em todos os anos selecionados. Em 2000, as mulheres ocupavam 63% dos postos de trabalho, enquanto os homens ocupavam 34%; em 2005 e em 2010, esses percentuais passaram para 64% e 36%, respectivamente, e, em 2015, chegaram a 73% e 27%.

Outro fator analisado é a desigualdade salarial. Segundo Oliveira, quanto maior o grau de instrução do trabalhador, maior a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Em 2006, um homem com ensino superior completo recebia, em média, R$ 6.579, enquanto a mulher com a mesma qualificação recebia R$ 3.669. A diferença diminuiu em 2017, quando um homem passou a receber, em média, R$ 6.370, e a mulher, R$ 4.530.

Foram investigados casos em que homens e mulheres ocupavam o mesmo cargo, tinham a mesma escolaridade, mesmo quantitativo de horas trabalhadas e outras variáveis iguais e, mesmo assim, havia diferença salarial significativa. Para Ferreira, apesar de as mulheres estarem conquistando espaços sociais, em especial no mercado de trabalho, é preciso entender que a luta pela equiparação salarial e ocupação de postos de trabalho majoritariamente masculinos não deve se restringir apenas a elas, mas à sociedade como um todo.

De acordo com Oliveira, este trabalho desconstrói, por meio de dados científicos, o discurso disseminado na sociedade de que já se teria alcançado uma igualdade em termos de gênero no mercado de trabalho. E ressalta que ele tem a função de conscientizar as pessoas por meio de dados. “A ideia é que os trabalhos desenvolvidos aqui [Cepes] causem um impacto na sociedade e conscientizem o próximo”, afirma.

 

Confira a entrevista da pesquisadora Alanna Santos de Oliveira ao boletim Comunica UFU da Rádio Universitária:

 

Palavras-chave: Dia do Trabalho UFU CEPES Mulheres mercado de trabalho

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