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Ciência

Pesquisa avalia presença de elementos possivelmente tóxicos para a pele em tatuagens temporárias

Estudo foi feito por pesquisadores da UFU em parceria com Unifesp

Publicado em 08/07/2022 às 10:19 - Atualizado em 30/08/2023 às 08:30

Grande parte das tatuagens temporárias são usadas por crianças como brinquedo (Foto: Banco de imagens/Pixabay)

O uso de tatuagens permanentes e temporárias é uma tendência e foi adotado por culturas antigas, como a egípcia, a japonesa e a indígena. Além da estética, elas também são utilizadas como forma de melhorar a autoestima e estão presentes em pelo menos 37% dos brasileiros, segundo a Dalia Research. As temporárias são uma solução para quem tem receio de se tatuar permanentemente por causa da dor ou arrependimento e são usadas como brinquedos por crianças, mas um novo estudo descobriu que a tintura presente nelas possuem elementos que podem ser tóxicos para a pele.

Tendo em vista que, até então, não existiam trabalhos que estudavam os componentes bioacessíveis, que são aqueles que podem ser absorvidos pelo corpo, presentes nas tintas de tatuagens temporárias, André Squissato, doutor em Química pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), resolveu pesquisar sobre o assunto. “A ideia surgiu quando eu ainda estava no doutorado. Pensando em algum tipo de amostra de interesse público, relacionada à saúde e que ainda não havia sido analisada, resolvi investigar a presença de elementos tóxicos em tintas de tatuagens adesivas temporárias”, conta.

André Squissato, um dos pesquisadores do trabalho (Foto: Arquivo pessoal)

O trabalho foi realizado em parceria com os professores Rodrigo Muñoz, do Instituto de Química (IQ) da UFU; Angerson Nascimento e Riad Lourenço, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Alexandre Fioroto, da Universidade de São Paulo (USP); e Augusto del Claro, até então, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Pibic/CNPq) e aluno de Engenharia Ambiental na UFU. O estudo também contou com a parceria do Núcleo de Especiação em Química (Nespequi) da Unifesp.

Diferente das tatuagens permanentes, que são aplicadas com agulhas na pele, as temporárias são adesivadas e removidas com água ou álcool. De acordo com o estudo dos pesquisadores, só o contato da tinta na pele já pode causar algumas doenças, como a urticária, além de outros danos severos.

Exemplos de tatuagens adesivas utilizadas no estudo: (A) tatuagens adesivas presente em gomas de mascar e (B) tatuagens adesivas em cartelas (Foto: Arquivo dos pesquisadores)

Um dos grandes problemas é que os componentes das tintas não são especificados nos rótulos das embalagens das tatuagens. Alguns desses componentes, se estiverem em níveis altos, podem inclusive causar câncer, e muitos deles não são aprovados pelas legislações locais.

Para o estudo, foram adquiridas algumas amostras de tatuagens. Elas foram mergulhadas em uma solução com ácido clorídrico que simula tanto o contato com a pele quanto a ingestão acidental do produto pela criança. No Brasil, não existe uma legislação que regulamenta tatuagens temporárias, então, o trabalho foi comparado com metodologias de análise de produtos tóxicos presentes em cosméticos, que também são aplicados na pele, e em brinquedos para crianças.

Augusto del Claro (esquerda) e Rodrigo Munõz (direita) no Laboratório do Núcleo de Pesquisas em Eletroanalítica (NuPE), onde foram realizados parte dos estudos (Foto: Arquivo dos pesquisadores)

Os resultados apresentaram teores elevados de crômio, cobalto, chumbo e vanádio, que são elementos cancerígenos e alergênicos proibidos em produtos cosméticos, além de concentrações elevadas de alguns elementos como alumínio e bário, que são permitido em produtos cosméticos, mas em certos limites que foram ultrapassados nas amostras, principalmente aquelas destinadas para crianças.  

Com isso, embora tatuagens temporárias estejam de acordo com a segurança do brinquedo, alguns elementos possivelmente tóxicos encontrados estão em contato direto com a pele durante o uso e fazem mal para a saúde. “É necessário, então, alertar a comunidade e órgãos reguladores sobre os riscos que envolvem o uso de tatuagens temporárias devido à composição desconhecida das tintas. Dentre trabalhos futuros, a identificação e a determinação da concentração de corantes presentes nestes produtos podem trazer mais informações sobre a composição das tintas deste tipo de produto”, concluem os pesquisadores ao final da pesquisa.

O artigo com mais detalhes sobre o estudo foi publicado na revista Química Nova e pode ser acessado aqui.

 

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Palavras-chave: Ciência iniciação científica tatuagem

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