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Esporte Universitário

De filho para pai: o início de uma paixão de família

Desde o último domingo, 18, até o próximo, 25, pai e filho integram equipe de karatê da delegação da UFU que representa Minas Gerais nos JUBs 2022, em Brasília

Publicado em 20/09/2022 às 13:25 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:20

Começaram no último domingo, 18, os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), em Brasília (DF), organizados pela Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU). A competição, que é a maior do país, reúne mais de 7 mil participantes - atletas, comissão técnica, profissionais da saúde e voluntários - de todos os estados. A Federação Universitária Mineira de Esportes (FUME), representante de Minas Gerais, participa do evento com cerca de 230 integrantes. Entre eles, estudantes-atletas e comissão técnica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Parte da delegação da UFU minutos antes de sair em viagem rumo ao JUBs Brasília 2022. (Foto: Ítana Santos)

De acordo com o presidente da FUME, Wellington Ferreira, essa delegação é uma das maiores já enviadas por Minas Gerais aos jogos, se comparado aos últimos seis anos. Daqui, da UFU, saíram atletas que estão disputando as seguintes modalidades: acadêmico, atletismo, cheerleading, e-Sports (FIFA, LOL e Poker), judô, karatê, natação, skate, tênis e xadrez. Dentre eles, dois atletas competem em modalidades paralímpicas.

 

Família na delegação

Para este ano, a equipe de karatê da FUME vai aos jogos com seis atletas. Um deles é o karateca da UFU Fernando Henrique Vital Filho, que também é filho do técnico do grupo, o Fernando Henrique Vital. Ele nos conta a emoção que é estar indo à competição na companhia do pai com ambos integrando a delegação: “É muito especial. Meu pai esteve junto comigo em todas as competições, desde minha primeira. Poder ir para um JUBs com ele na mesma equipe, e ainda como técnico, é muito bom.”

Pai e filho colecionam várias memórias de campeonatos e comemorações de vitória. (Foto: Arquivo pessoal/Fernando Vital)

Fernando Henrique Filho participou apenas de uma edição dos JUBs, em 2021. “Foi uma experiência espetacular poder disputar um campeonato de karatê representando minha universidade em nível nacional. É incrível! Pude conhecer pessoas de diversos estados e reencontrar algumas pessoas conhecidas do karatê”, relata o atleta. Com o retorno das atividades presenciais, este ano ele passou a realizar alguns treinos nas dependências da UFU e se disse muito focado nos últimos dias, “principalmente nessas últimas semanas, para me preparar para os JUBs, tenho realizado alguns treinos com outros atletas. [...] Sempre tento me manter focado na competição. Estou preparado fisicamente e mentalmente. Espero aproveitar ao máximo a competição e, quem sabe, voltar com uma medalha.”

Para alcançar esta meta, ele estará ao lado do técnico e pai, ou pai e técnico. Fernando Henrique Vital foi convidado pelo presidente da FUME para fazer parte da equipe de karatê enquanto desempenha o papel de treinador dos atletas. Ele, que já foi um estudante-atleta da UFU e em 2012, no JUBs Fortaleza, conquistou uma medalha de bronze pelo estado, acredita que sua trajetória no esporte em si e na modalidade universitária possa ter influenciado a escolha de Wellington. “[O convite] me deixou muito honrado porque é algo que eu gosto, algo que eu já faço e eu me senti muito contemplado.”

Fernando Henrique Vital com a medalha de bronze conquistada no JUBs Fortaleza em 2012. (Foto: Arquivo pessoal/Fernando Vital)

Ele diz estar com grandes expectativas da sua equipe medalhar na competição, visto que muitos dos estudantes-atletas estão bem ranqueados na Federação Mineira da modalidade. E quando o assunto é estar em competição com o filho e ser técnico dele, Fernando se mostra ainda mais extasiado. “A sensação de estar com o meu filho é fantástica porque eu vivo isso desde 2007. Estou sempre do lado dele dividindo o quarto, orientando, chorando nas alegrias, chorando nas tristezas; sempre essa relação de cumplicidade. Então, é muito bom. É mais um momento agora que eu estou tendo de estar vivenciando com ele essa sensação boa de participar de um evento nacional, o que nos deixa muito feliz”, descreve.

Mas ele pontua que as funções de técnico e pai não se misturam. “Eu já tive a oportunidade de ser técnico dele em algumas competições. É um momento interessante porque você precisa discernir o que é pai e o que é treinador para que as questões pessoais e emocionais não sobressaiam sobre as questões técnicas, que nesse momento são mais importantes. Então, só depois que você conquista seu objetivo, o lado pai começa a funcionar, que é aquele momento depois da competição, que ele ganha; aí você vira o pai do atleta. Mas, enquanto você está na competição, tem que ser o treinador para que não atrapalhe o rendimento dele e que ele não se sinta cobrado pelo pai e sim pelo técnico, que é mais importante”, comenta.

Pai e filho representando a mesma federação em uma competição nacional é só mais um capítulo de uma história de muita paixão por esse esporte e união familiar. O karatê está há alguns anos na família Vital, que já coleciona muitas histórias.

 

Karatê “Vital”

“O karatê é um esporte completo que cuida do corpo e da alma”, afirma o cirurgião dentista Fernando Henrique Vital, quando questionado sobre a importância que a modalidade tem na sua vida. Ele, que também cursa Licenciatura em Matemática na UFU, nos presenteia com um outro ensinamento ao ser interrogado sobre sua trajetória no esporte e que pode valer para muitas coisas na vida: “O foco do atleta não tem que ser só em competições porque elas acabam, mas o karatê não. Então, eu sempre pratiquei o esporte para a vida.”

Pódio do karatê nos JUBs 2012. (Foto: Arquivo pessoal/Fernando Vital)

Fernando Vital tem dois filhos: a bióloga, formada pela UFU, e estudante do curso técnico em Controle Ambiental na Escola Técnica de Saúde (Estes/UFU) Laura Vital e o Fernando Henrique Vital Filho, que está com ele nos JUBs 2022 e é estudante de Matemática na UFU. Os três são karatecas e têm uma longa história, que, além de bonita, é símbolo de união familiar com o esporte. É comum que uma paixão assim seja passada de geração em geração, de pai para filho, de avô para neto, mas, nesse caso, o curso da história foi diferente. Tudo começou com uma simples pergunta de um pai que queria apresentar um mundo de possibilidades aos filhos.

“Eu sentei com eles [Laura e Fernando, que tinham, respectivamente, nove e cinco anos] e perguntei qual o esporte eles queriam praticar. O Fernandinho escolheu karatê. [...] A minha menina, na época, escolheu o ballet”, conta Fernando Vital. Na posição de pai dedicado e pronto para atender aos pedidos dos filhos, ele logo combinou com a esposa a nova rotina. Seria o responsável por levar o Fernando às aulas de karatê, enquanto ela acompanharia a Laura nas de ballet. Mal sabiam que o novo cronograma da família passaria por mudanças novamente em poucos dias e que, ali, começava uma nova história de amor em comum.

O pequeno Fernando Filho não tinha nenhuma referência familiar no karatê e, mesmo tão novo, teve personalidade para escolher um esporte que pratica até os dias atuais, como conta o pai. O menino, desde as primeiras aulas, mostrou jeito e obteve muito destaque como um karateca. O gosto da criança e o brilho no esporte, além da rotina de levar o filho às aulas, fez com que o pai também se interessasse pelo karatê. E assim, de filho para pai, o clã Vital de karatecas começou a ser formado.

Fernando Henrique Filho na primeira aula de karatê, com cinco anos. (Foto: Arquivo pessoal/Fernando Henrique Vital

Até então, o cronograma da família seguia o mesmo. Como era o pai que acompanhava o Fernando Filho, e a mãe que levava a Laura ao ballet, nada mudou. Porém, a menina não se adaptou muito bem à dança e, depois de acompanhar algumas vezes os treinos do irmão e do pai, resolveu mudar a resposta daquela pergunta sobre qual esporte queria praticar. Ela repetiu a resposta do irmão e também entrou para o karatê. Assim, os três passaram a praticar o mesmo esporte, participar juntos de competições e comemorar várias conquistas.

Os três possuem conquistas em campeonatos regionais, mineiro e nacional. A única conquista em competição que eles não têm em comum é a medalha nos JUBs. Durante a passagem da Laura Vital na sua graduação na UFU, não foi possível participar do evento pela universidade. Quanto aos dois Fernandos [pai e filho], ambos possuem uma medalha de bronze pela federação. Fernando Henrique Filho ainda vai além com seu quadro de medalhas. Ele também possui conquistas internacionais. Foi campeão mundial em 2017, no Canadá, além de ter no currículo competições sul-americanas.

Na ordem, da esquerda para direita, Fernando Henrique Filho, Fernando Henrique e Laura Vital foram campeões no mesmo evento, em Sacramento-MG, em 2013. (Foto: Arquivo pessoal/Fernando Henrique Vital)

“O karatê é minha vida. Por começar muito cedo, não me lembro de nenhum momento em que o karatê não esteve presente. São vários os ensinamentos que ele me trouxe dentro e fora das competições que utilizo todos os dias”, afirma o atleta que fez despontar na família o amor pelo esporte e o início dessa história toda. Será que o pequeno Fernando, de cinco anos, conseguiria imaginar tantas conquistas pessoais, familiares, ter um pai e uma irmã campeões, e representar sua universidade e um estado inteiro numa competição nacional ao lado do pai? É, o esporte tem dessas, e os desejos de criança podem abrir um mundo de possibilidades e histórias.

 

JUBs

O JUBs 2022 contam com 28 modalidades, entre acadêmicas, olímpicas, paralímpicas e eletrônicas. São elas: acadêmico, atletismo, atletismo paradesportivo, badminton paradesportivo, badminton, basquete, breaking, cheerleading, Clash Royale, Counter Strike GO, escalada esportiva, Free Fire, FIFA, futsal, handebol, judô, karatê, League of Legends, natação, natação paradesportiva, poker, skate, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tênis de mesa paradesportivo, volêi, wrestling e xadrez. Nesta edição, o breaking está fazendo sua estreia na competição, enquanto o skate e o cheerleading retornam a integrar o cronograma esportivo após um hiato de dois anos.

Na edição do ano passado, a UFU enviou nove atletas para a competição nas seguintes modalidades: natação, xadrez, karatê e acadêmico. A equipe retornou de Brasília, também sede dos jogos de 2021, com quatro medalhas: ouro com o estudante de Educação Física Vinicius Eduardo, no acadêmico, e o primeiro pela FUME; bronze com os estudantes Rodrigo Nunes, da Educação Física, no arremesso de peso; do Fernando Henrique Vital Filho, da Matemática, no karatê; e da Lesly Viviane, do curso de Engenharia de Telecomunicações, no xadrez.

Pai e filho com as primeiras medalhas conquistadas em JUBs. (Foto: Arquivo pessoal/Fernando Henrique Vital)

A UFU deseja boa sorte aos atletas! Que voltem com a bagagem cheia de boas experiências e orgulho pelo desempenho. Vocês já são nossos campeões!

 

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