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Agronomia

Agro é coisa de mulher

Pesquisadoras da UFU ganham destaque em lista da Forbes

Publicado em 07/12/2023 às 11:21 - Atualizado em 11/12/2023 às 14:27

Em um mercado dominado por homens, as pesquisadoras da UFU, Eliane Inokuti e Raquel Mota (foto), ganham destaque na lista da Forbes. (Foto: Marco Cavalcanti)

Em um mundo ideal, o caminho para o sucesso seria reto, sem obstáculos e a curto prazo. Sempre na mesma direção, com as mesmas oportunidades, mesmos incentivos e mesmos salários para funções iguais. Mas, como você pode estar pensando agora, o mundo ideal só existe na imaginação de muita gente. No mundo real, não partimos dos mesmos lugares e nem usufruímos das mesmas oportunidades. 

O caminho para o sucesso é curvo, difícil e longo. E é assim que a trajetória das pesquisadoras Eliane Mayumi Inokuti, pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Informações Geoespaciais (PPGAIG) pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e Raquel Pinheiro da Mota, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGagro/UFU), se cruzam. 

 

Eliane Mayumi Inokuti

Foto colorida, com mulher de cabelos longos, loiros, vestindo camiseta azul, posando para a câmera
Inokuti acredita que a lista da Forbes pode servir de incentivo para mais mulheres ingressarem no agro. (Foto: Arquivo pessoal)

Eliane Mayumi Inokuti está presente na lista da revista Forbes das 100 Mulheres Doutoras do Agro. Criada em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Rural, a lista cataloga as mulheres mais preparadas para o mercado e para os desafios de fabricar alimentos e bioenergia. A pós-doutoranda comenta que o interesse pelo agro surgiu ainda na infância, quando visitava, nas férias, os avós que cultivavam tomates e durante esse tempo os acompanhava nas atividades agrícolas.

Se destacando em um mercado majoritariamente dominado por homens, Inokuti acrescenta que fica feliz em ser reconhecida após tantos anos de pesquisa e estudos na área de ciências agrárias. "É muito gratificante quando conseguimos mostrar à sociedade o quanto nós mulheres podemos ocupar qualquer posição e fazer diferença quando buscamos o conhecimento", explica ela. 

Em relação à lista Forbes, a pesquisadora pensa que é uma oportunidade de incentivar mais mulheres a iniciar a vida acadêmica e buscar suas realizações profissionais. Mas, ter esse reconhecimento também é um incentivo para si mesma de continuar na área de pesquisa científica e superar novos desafios.

Inokuti hoje atua no Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia (LAMIF) da UFU - Campus Monte Carmelo, desde dezembro de 2020, realizando pesquisa na busca de microrganismos promissores que possam ser utilizados no controle biológico de plantas daninhas, visando reduzir prejuízos ao meio ambiente e minimizar os problemas dos agricultores no campo. Além disso, ela também presta consultoria na Estação Quarentenária em Uberlândia (MG) ajudando na identificação de fungos em sementes importadas.

 

Raquel Pinheiro da Mota

Foto colorida com mulher de cabelos longos, vestindo camisa azul, proxima a folhas de um pé de milho
A paixão em desenvolver e realizar as pesquisas no agro abriram portas para Mota. (Foto: Marco Cavalcanti)

“Eu venho de família humilde e durante a época da graduação, por exemplo, foi um perrengue danado”, relata Raquel Mota. Natural de Lagoa Formosa, cidade com pouco mais de 18 mil habitantes, do interior de Minas Gerais, a pesquisadora acompanhou os pais, trabalhadores rurais, em várias fazendas, tendo contato direto com o campo desde criança. Então, quando a época de entrar para a faculdade chegou, a família resolveu ir para a cidade, pois onde moravam tudo era mais limitado.

Se as raízes de sua escolha pelo curso de Agronomia já existiam no seio familiar, a decisão pela área de pesquisa que seguiria na universidade não foi tão simples. Em 2012, ingressou na graduação de Agronomia, mas somente entre 2013 e 2014 iniciou no Programa de Educação Tutorial (PET), as pesquisas desenvolvidas na geração de fertilizantes especiais, sob orientação do professor Reginaldo de Camargo, docente Instituto de Ciências Agrárias.

Como Mota explica, as pesquisas com a linha de fertilizantes especiais, concentram seus esforços no aproveitamento e gestão dos resíduos orgânicos, promovendo a sustentabilidade e produzindo altos rendimentos no campo, desde que aplicados corretamente. 

Fascinada pela linha de pesquisa, Mota emendou graduação, mestrado e doutorado, conciliando a vida pessoal com a vida acadêmica. Para ela, um não poderia existir sem o outro: “Casei no fim da graduação em 2016. Na defesa do mestrado eu estava grávida do meu primeiro filho, que hoje tem quatro anos. Este ano, na defesa do doutorado, estava grávida do meu segundo filho. E no final do doutorado, quando eu tinha feito a qualificação e finalizado as matérias, entrei em uma empresa com enfoque em fertilizante organomineral, para gerir a cadeia de pesquisa e desenvolvimento de mercado desses fertilizantes.”

A dedicação pela área também levou o nome de Mota até a lista da Forbes especial para o dia internacional da mulher rural, listando 100 nomes de pesquisadoras do Brasil. Para Camargo, orientador e professor que acompanhou a vida acadêmica da pesquisadora, o feito é fruto do esforço individual e serve de incentivo para que outras mulheres ingressem no universo das pesquisas. Já para Mota, que ainda criança já enxergava no campo o seu futuro, estar nessa lista é reflexo de sua paixão pela área. 

“Acontecem tantas coisas na minha vida que acho que é realmente Deus. Eu faço as coisas, mas não espero chegar tão longe e as coisas vão acontecendo para mim através das pesquisas e dos estudos que fui desenvolvendo. Acredito que é a paixão que faz a gente desenvolver isso com carinho, sem almejar tanta coisa e, de repente, vai tudo acontecendo de forma natural.” 

 


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Palavras-chave: #Ciência Mulheres Cientistas agronomia

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