Pular para o conteúdo principal
Podcast

Urbanização e rios: como Uberlândia enfrenta as enchentes anuais?

Episódio #125 do ‘Ciência ao Pé do Ouvido’ conversa com especialista sobre canalização e alagamentos

Publicado em 08/10/2024 às 11:28 - Atualizado em 15/10/2024 às 10:02

(Arte: Maria Clara Medeiros)

O fenômeno das enchentes urbanas é um problema que atinge cerca de um terço das cidades brasileiras, de acordo com uma nota técnica do Governo Federal publicada em 2023. A expansão desordenada, o uso inadequado do solo e a falta de planejamento são fatores relacionados com a canalização e ocultamento dos rios. Uberlândia, por exemplo, é uma cidade construída sobre diversos cursos d’água, motivo das cheias anuais que vemos nos noticiários.

É muito conhecido o caso da avenida Rondon Pacheco, pavimentada sobre o córrego São Pedro. O trecho é uma das principais vias de trânsito em Uberlândia, ocupando quarenta metros de largura ao longo de sete quilômetros de comprimento, que passam por forte movimentação comercial e prédios residenciais de dez bairros: Brasil, Cazeca, Lídice, Morada da Colina, Nossa Senhora Aparecida, Patrimônio, Vigilato Pereira, Saraiva, Tabajaras e Tibery.

Mas a Rondon Pacheco, que até 1971 se chamava avenida São Pedro, em referência ao córrego, não é o único caso. Outras das principais vias da cidade também foram construídas sobre as águas. O próprio córrego São Pedro é alimentado por outro, o Jataí, também canalizado, desta vez sob a avenida Anselmo Alves dos Santos, que tem três nascentes no Parque do Sabiá. Além disso, sob a avenida Getúlio Vargas corre o córrego Cajubá e, abaixo da avenida Minervina Cândida de Oliveira, passa o córrego das Tabocas.

Mapa de uberlândia
Em sua tese de doutorado, a professora Giovanna Damis Vital sinalizou os trechos dos córregos canalizados sob grandes avenidas da cidade no mapa hidrográfico de Uberlândia. (Arte: Maria Clara Medeiros)

Até a década de 1970, quando ocorreram as canalizações, as margens desses cursos d’água apresentavam áreas hidromórficas e brejos. A paisagem mudou quando os solos foram parcelados por empreendimentos imobiliários que promoveram a drenagem e o aterramento dessas áreas.

Todos esses córregos deságuam ainda no rio Uberabinha, o único na área urbana, onde se fez um parque linear, protegido desde 1994 pelo Plano Diretor de Uberlândia como Área de Preservação Permanente (APP), quando já havia, contudo, ocupação das margens. Em 2011, a Lei Complementar 525 passou a obrigar que construções em toda essa região estejam na altura mínima de um metro acima da calçada para evitar inundações.

No episódio #125 do podcast "Ciência ao Pé do Ouvido", convidamos a professora Giovanna Damis Vital, da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia (Faued/UFU), para discutir essa realidade e as possibilidades de redução dos danos causados pelas enchentes. Além das informações acima sobre o caso de Uberlândia, encontradas em sua tese de doutorado, Vital compartilha suas ideias sobre como pensar de maneira ecossistêmica no planejamento urbano e defende que é preciso dar o lugar das águas. O episódio está disponível nas principais plataformas de podcast e também aqui no portal Comunica UFU. 

O "Ciência ao Pé do Ouvido" é produzido pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

>>> Veja também:

 

Palavras-chave: Uberlândia rondon pacheco alagamento rios crise climática enchente podcast Ciência ao Pé do Ouvido córrego são pedro

A11y