Publicado em 19/12/2024 às 11:23 - Atualizado em 01/01/2025 às 11:56
A exposição “EX-MENINA: felicidade, solidão e desejos”, montada pela estudante de Artes Visuais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Analu Guimarães, está aberta para visitação até 31 de dezembro na Galeria de Arte Lourdes Saraiva - Oficina Cultural. Com três ensaios artísticos, representando fases da vida da artista (criança, menina e mulher), as obras expõem seu processo de amadurecimento como uma mulher gorda e promovem questões que vão muito além de assuntos como dietas e emagrecimento.
“A mostra é importante porque produz um discurso feminista sobre questões de gênero, sexualidade e construção de identidade, promovendo espaços de reflexão e socialização sobre implicações sociais e políticas que afetam as mulheres, da infância até a vida adulta”, comenta Guimarães.
Fruto de um projeto de Iniciação Científica no Grupo de Pesquisa Feminismos nas Artes Visuais, a obra contou com orientação e curadoria da professora Clarissa Borges, do Instituto de Artes (Iarte/UFU). A aluna também produziu um artigo científico, que ainda será publicado, em que aborda o desenvolvimento dos ensaios e os referenciais teóricos e artísticos usados no trabalho.
Os trabalhos a´presentados surgiram por meio da necessidade de Guimarães em expressar adversidades vivenciadas por ela e outras mulheres gordas, como gordofobia, distúrbios alimentares e sexualização. Cada palavra no título da exposição diz respeito a uma das três fases da vida da artista: A infância corresponde à "felicidade", a adolescência à "solidão" e a vida adulta aos "desejos". Para ela, a arte pode ser uma forma de encontrar meios de sobrevivência diante de uma sociedade que busca constantemente modificar o corpo femino. A exposição surge como forma de perceber a mulher gorda como protagonista de sua própria história.
Cada um dos três ensaios da mostra reúne um conjunto de obras. Na primeira, denominada “CRIANÇA (felicidade)”, são apresentadas 200 fotografias da artista, posicionadas de forma semelhante ao desenho de uma piscina, mergulhando com a réplica de um maiô que ela usava na infância. O mergulho simboliza a possibilidade de reconexão com a imaginação infantil.
A segunda parte, “MENINA (solidão)”, retrata a adolescência e é composta por quatro fotografias em que Guimarães está de costas para a câmera. Com as fotos, ela também apresenta relatos pessoais que viveu dos 15 aos 18 anos, compartilhando situações cotidianas que revelam as pressões e imposições de beleza que já sofreu.
Para finalizar, o último ensaio, “MULHER (desejos)”, representa a vida adulta e apresenta cinco autorretratos com diferentes caracterizações. A artista tem como objetivo fazer uma crítica aos estereótipos das mulheres gordas, que atravessam dois caminhos: a erotização ou a redução como objeto do ridículo. Nesse sentido, ela expõe a impossibilidade de existir fora dessas perspectivas.
“Acredito que falar sobre os meus enfrentamentos muitas vezes exige que eu trabalhe com o meu próprio corpo, pois é ele que sente tudo isso. E me expor dessa forma tem me dado cada vez mais coragem e possibilidades para ocupar mais espaços, me posicionar e me colocar visível”, conclui Guimarães.
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Palavras-chave: Ciência; Bolsas; Iniciação Científica; Pesquisa; #ArtesVisuais exposição artística Ciência; Mulher #cultura
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