Casa de vó

Para formar em artes visuais licenciatura é necessário fazer dois ateliês ao longo do curso, sendo assim, no início de 2024 comecei a fazer a disciplina Ateliê de Desenho. Como projeto, desenvolvi desenhos de objetos inanimados. Esse gênero na pintura é conhecido como natureza-morta. 

Ao longo do semestre, consegui aprimorar minha proposta, em vez de montar cenas com utensílios postos sobre uma mesa, como pintores clássicos desse gênero faziam. Comecei a retratar os objetos no lugar onde eles já estão postos dia a dia, dentro do cotidiano de uma casa. Essa mudança organizacional trouxe mais naturalidade, trazendo, para o público que observa o desenho, maior proximidade afetiva com a obra.

No segundo semestre de 2024, decidi levar esse projeto para o meu trabalho de conclusão de curso (TCC), pois queria continuar desenvolvendo mais desenhos dentro dessa proposta. Conversei com o meu professor de Ateliê para que ele me orientasse, e assim seguimos para a produção da monografia e mais desenhos. 

Para a criação dos desenhos, fiz fotografias da casa da minha avó, que é artista e já produziu diversos quadros de naturezas-mortas e paisagens utilizando a técnica de tinta a óleo. Os meus desenhos, então, passaram a seguir uma proposta de naturezas-mortas com afetos e memórias, tal como o ambiente do cotidiano de um lar pode transmitir lembranças de toda a família. 

Utilizei a técnica de lápis de cor para dialogar com o contemporâneo, e busquei representar cenas de um cotidiano que normalmente não aparecem nas pinturas clássicas desse gênero.

Para produzir minha monografia, pensei em artistas que, de alguma forma, se relacionavam com as minhas obras, seja em técnica, composição ou teoria. Assim, separei por capítulos, sendo cada um a apresentação de um artista e uma abordagem de como suas obras dialogam com os meus desenhos. 

Dessa forma, eu trouxe Fernando Diniz, para falar da organização espacial; Rodrigo Yudi Honda, para abordar o cotidiano; Andy Warhol, para falar sobre as marcas de produtos industrializados; Estêvão Silva, artista brasileiro, pintor de naturezas-mortas, para falar sobre brasilidade; Graciela Iturbide, para relacionar as fotografias com o trabalho; Ana Elisa Egreja, para abordar as memórias presentes em pinturas do cotidiano doméstico, e Marlene Teixeira, minha avó, para fazer uma relação com as naturezas-mortas e o lar. 

O desenvolvimento desse trabalho de conclusão de curso me ajudou a compreender melhor minha produção artística. O processo de estudar outros artistas para escolher quais dialogavam com as minhas obras contribuiu para o entendimento da minha poética. No total, foram 5 desenhos produzidos até a defesa do trabalho de conclusão de curso.

*Ana Julia da Silva Macedo é graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

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