Publicado em 10/02/2025 às 10:26 - Atualizado em 20/02/2025 às 11:23
É necessário que uma pessoa beba quatro latinhas de cerveja em pelo menos uma única ocasião no último mês para que seu consumo de álcool seja considerado abusivo – ou, no caso do destilado, pode-se considerar quatro shots de bebida, sendo essa quantidade diferente para homens e mulheres. Parece pouco, mas os dados, que são da Organização Mundial da Saúde (OMS), traduzem o chamado consumo de risco, quando a quantidade de álcool ingerida começa a apresentar chances de alto risco à saúde e à propensão ao alcoolismo – especialmente se o hábito perdurar ao longo do tempo. Também segundo a OMS, 12 milhões de pessoas são dependentes químicas no Brasil, o que corresponde a 6% da população. É neste cenário que o Ministério da Saúde determinou que o dia 20 de fevereiro se tornaria o "Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo", visando à promoção de campanhas de prevenção e tratamento da dependência.
É importante lembrar que, ao desenvolver dependência do álcool, o comportamento geralmente vai além de apenas consumir bebidas alcoólicas de forma excessiva. Isso porque o alcoolismo, assim como a dependência química em geral, é um transtorno biopsicossocial, isto é, envolve não apenas a saúde física, mas também a saúde mental e a vida social. Assim, a dependência está relacionada inclusive com a negação e com o não-controle da sua ingestão de álcool, e por isso é necessário que haja atenção ao consumo para além da quantidade – a motivação e a frequência, por exemplo, são igualmente importantes.
Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o apoio à dependência química ganha rosto e voz por meio do Setor de Atenção à Dependência Química (Sadeq), mais conhecido como Oficina da Vida. O setor, vinculado à Diretoria de Qualidade de Vida e Saúde do Servidor (Dirqs), da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), atende principalmente servidores e servidoras da UFU, mas também envolve os familiares, além de trabalhadores de empresas terceirizadas, da Ebserh e estudantes. “Muitos chegam aqui com vergonha ou medo de serem estigmatizados. Nosso primeiro passo é quebrar esse estigma. O alcoolismo não é uma falha moral – é uma doença que pode ser tratada com empatia e evidências científicas”, explica Maria de Lourdes, psicóloga e coordenadora do Sadeq.
Para realizar seu serviço, a Oficina da Vida oferece três ambulatórios especializados: o Ambulatório de Álcool e Outras Drogas, focado no tratamento individual e em grupo dessas substâncias; o Ambulatório de Tabagismo, que promove o combate à dependência do cigarro e derivados; e o Ambulatório da Família, responsável por acolher familiares para que seja possível fortalecer vínculos e apoio durante o tratamento, uma vez que uma das esferas da vida social do paciente que pode ser afetada é a familiar. “As famílias são parte fundamental do processo. No Ambulatório da Família, trabalhamos a comunicação e o apoio mútuo. A recuperação não é só do dependente, é de todos que o cercam”, explica Ketlyn Lessa, assistente social da Oficina da Vida.
A equipe multidisciplinar da Oficina da Vida oferece, além do serviço de assistência social, profissionais das áreas de psiquiatria, enfermagem, psicologia, e terapia ocupacional, trabalhando de forma conjunta para o tratamento dos pacientes. "Nosso objetivo é que o paciente reconheça a doença e reconstrua sua vida. Não é fácil, mas com apoio, eles recuperam a liberdade", reitera Maria de Lourdes.
Nessa jornada do tratamento da dependência química, o que parece uma conquista distante se mostrou uma vitória concreta para o servidor Paulo Henrique Alves dos Santos. Em 2024, Paulo deu um passo decisivo em sua vida ao procurar ajuda na Oficina da Vida após perceber que não conseguiria lidar sozinho com o alcoolismo. "Eu protelava, achava que controlava a bebida. Mas chegou um momento em que precisei encarar a realidade: já tinha perdido muito e estava prestes a perder ainda mais", relembra.
Durante os meses de acompanhamento na Oficina da Vida, Paulo participou de grupos terapêuticos e encontrou na história de outros pacientes um reflexo de sua própria trajetória. "Ver que eu não estava sozinho naquilo me fez perceber o quanto eu já tinha avançado e reforçou minha decisão de continuar", conta. A cada sessão, ele se deparava com a dura realidade das consequências do vício, mas também com a possibilidade de reconstrução. Após seis meses de dedicação intensa, recebeu alta e hoje é um exemplo de superação para aqueles que ainda lutam.
Para além de oferecer tratamento aos servidores, a Oficina da Vida promove campanhas de prevenção e eventos educativos. No dia 20 de fevereiro, às 9h, será realizada uma live no YouTube, com o tema “Será Que Estou Bebendo Demais? Conversando Sobre o Alcoolismo”. O evento é aberto a toda a comunidade e discutirá sinais de alerta, mitos sobre o consumo e caminhos para buscar ajuda. Programe-se e participe.
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