Publicado em 15/04/2025 às 13:30 - Atualizado em 23/04/2025 às 15:27
Há 50 anos, as séries mexicanas Chaves e Chapolin são sucesso de público entre diferentes gerações e em diversos países da América Latina, incluindo o Brasil. Por que tanta gente gosta, por tanto tempo, dessas séries? O pesquisador Wilson Filho Ribeiro de Almeida, doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), analisou centenas de episódios e tem algumas respostas.
As duas séries foram criadas pelo comediante Roberto Gómez Bolaños (1928-2014), transmitidas pela emissora Televisa, no México, e exportadas para outros países. No Brasil, é exibida desde a década de 1980, com algumas interrupções, pelo SBT e também já fez parte da grade do Multishow e de algumas plataformas de streaming. Chaves é um garoto pobre que vive em uma vila, interagindo com os moradores, e Chapolin é um herói fraco e atrapalhado que atua em pequenos ou grandes casos de pedidos de socorro, uma paródia dos super-heróis estadunidenses.
Assim como conquistaram muitos fãs, as séries receberam críticas quanto à sua qualidade, e quase sempre tanto os elogios quanto os defeitos apontados passam pela simplicidade dos cenários, dos personagens e dos roteiros. Mas a tese de Almeida vai na contramão desses pareceres leigos ou profissionais. Ele garante que Chaves e Chapolin não são nada simples.
Riqueza de recursos cômicos, do humor pastelão aos requintes literários das ironias e trocadilhos, temas de interesse universal e aspectos filosóficos que oferecem uma compreensão metafísica da realidade. Esses são aspectos que o pesquisador encontrou em suas análises dos episódios de Chaves e Chapolin e estão relatados na tese intitulada A risada é um triunfo do cérebro: aspectos cômicos, filosóficos e literários de El Chavo e El Chapulín Colorado, orientada pelo professor Ivan Marcos Ribeiro.
As anedotas de abstração — conceito apresentado por Guimarães Rosa no livro “Tutaméia: Terceiras Estórias” — que aparecem em Chaves e Chapolin estão, para Almeida, entre seus mais importantes achados na pesquisa. São chistes que alargam o plano da lógica, como na cena em que Chaves responde o que sente quando tem um piripaque: “de repente sinto que começo a sentir como se sentisse que não sinto nada”.
É por isso que “o riso é uma expressão do triunfo do cérebro”, diz Bolaños, pois se você ri de uma piada, é porque você a entendeu. “Rir é um ato de inteligência” é o tema do episódio #137 do podcast “Ciência ao Pé do Ouvido”, publicado nesta terça-feira (15/4) nas principais plataformas de áudio e disponível abaixo.
O "Ciência ao Pé do Ouvido" é produzido pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU) e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
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Palavras-chave: podcast Ciência ao Pé do Ouvido Chaves Chapolin literatura filosofia comédia
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