Publicado em 24/01/2020 às 10:29 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:30
Aconteceu na manhã desta quinta-feira (23/01), no Complexo Esportivo do Glória – antiga Associação dos Servidores da Universidade Federal de Uberlândia (Asufub/UFU) –, a atividade “Vem pra Saúde Mental”. A iniciativa é parte da programação da campanha Janeiro Branco, dedicada à Saúde Mental e ao Bem-Estar. Meditação, café da manhã, rodas de conversa, dinâmicas vivenciais e diversas atividades físicas foram realizadas com o objetivo de enfatizar a importância dos cuidados com a saúde física e mental.
Segundo a psicóloga Isabella Rocha, coordenadora da Oficina da Vida e responsável pela atividade, a intenção do projeto é propiciar aos participantes o convívio social e espiritual, ao ar livre, e abordar os diversos conceitos ligados à saúde mental. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “saúde não se resume simplesmente à ausência de doenças ou enfermidades; é um estado de completo bem-estar físico, mental e social”. Este “estado de bem-estar” pode ser gradativamente desestabilizado e mesmo destruído pela dependência química como, por exemplo, o alcoolismo.
O paciente do programa RTR, de 22 anos, conta que “bebia normalmente” nos fins de semana, até que passou a beber todos os dias. “Eu comecei a sair do trabalho direto para o bar e de manhã eu saía para beber sem tomar café. Minha irmã falou comigo e comecei a me tratar porque realmente não dava mais. Estou há quatro meses sem beber e com certeza vai abrir melhores caminhos e estou progredindo”.
Profissionais da Equipe Multidisciplinar da Oficina da Vida realizam o "Vem pra saúde Mental" no Complexo Esportivo do Glória (Foto: Alexandre Costa)
Como saber se preciso de tratamento? Como conseguir atendimento? Minha identidade será preservada? Acompanhe as respostas da coordenadora da Oficina da Vida, Isabella Rocha, sobre estas e outras possíveis dúvidas dos servidores acerca do atendimento e das ações da Oficina da Vida na UFU.
Resistência
A sociedade ainda não entende a dependência química como um adoecimento, assim como qualquer outro transtorno mental e o conceito social de dependência química ainda é muito carregado de preconceito e ligado a questões de caráter e personalidade. Há, ainda, o medo de retaliação e discriminação que vêm junto com o preconceito. O servidor não quer ser identificado pelos colegas e não quer assumir que está com esse problema ou tem medo da chefia tomar alguma medida punitiva, sendo que é completamente o oposto disso. O programa é institucional e é regido por portaria interna da UFU, numa proposta de cuidado, e não de punição. É uma proposta de tratamento que coloca as chefias como corresponsáveis pelo tratamento dos servidores, sejam eles docentes ou técnicos administrativos. A chefia que encaminha o servidor para tratamento é uma chefia que cuida do servidor e, por sua vez, o servidor que aceita se tratar é um servidor que cuida da sua própria saúde. Caso ele não aceite isso, aí sim, estará sujeito às penalidades administrativas decorrentes de possíveis comportamentos que possam ir contra o código de ética do servidor.
Oficina da Vida?
É um programa de atenção a pessoas com problemas relacionados à dependência química que oferece atendimento ambulatorial e setorial aos servidores – e seus dependentes – e a estudantes universitários com problemas relacionados ao uso e abuso de álcool e outras substâncias psicoativas, vinculado à Diretoria de Qualidade de Vida do Servidor (Dirqs), da Pró-Reitora de Gestão de Pessoas (Progep), da UFU. O objetivo é ajudar na abstinência das drogas e redução dos danos à vida, por meio do atendimento ambulatorial e, ainda, por intervenções de prevenção como visitas setoriais, palestras, cursos e campanhas educativas, dentre outras ações.
Ética e anonimato (Medidas para resguardar a identidade)
Como profissionais da equipe multidisciplinar, todos nós, terapeutas, que entramos em contato com o paciente, temos nosso código de ética que nos obriga ao sigilo profissional e isso é colocado para o paciente desde o primeiro momento em que ele nos procura. O ambiente de tratamento é de acesso restrito para que outras pessoas não circulem no mesmo espaço que os pacientes. Por ser um programa e um tratamento institucional, precisamos prestar contas às chefias, mas todos os documentos são de caráter sigiloso. Qualquer documento nesse âmbito deve ser de caráter sigiloso. E quando o paciente prefere não participar de atividades em grupo, nós o tranquilizamos em relação a isso, pois temos também um contrato de sigilo interno com todos os pacientes. No dia em que começa o tratamento, o paciente assina um termo de compromisso se comprometendo com o sigilo em relação aos demais colegas também. Então, tanto a equipe profissional tem seu próprio código de ética, quanto os próprios pacientes têm seu código assegurado pelo termo de compromisso.
Sinais?
São vários os critérios para o diagnóstico. Entretanto, de forma geral, são mais facilmente identificáveis os sinais sociais e ocupacionais como, por exemplo, quando a pessoa deixa de dar importância às atividades que comumente realizava, muda prioridades, afasta-se dos vínculos familiares e sociais, retrai-se ou se isola do convívio social. Também aparecem sinais físicos de entorpecimento, que são diferentes para cada tipo de substância química. No trabalho são muito comuns os atrasos, as faltas, conflitos e isolamento do servidor em relação à equipe, chegando mesmo à agressividade ou depressão.
Como participar?
Como nem sempre as chefias ou familiares sabem a melhor forma de abordar a pessoa que esteja apresentando sinais de uso ou abuso de álcool ou outras drogas, orientamos às chefias e aos servidores que possuam familiares com o problema a nos procurarem na Oficina da Vida para receberem as orientações sobre de que forma abordar e como estabelecer o diálogo sobre o problema para conseguir que a pessoa vá ao atendimento, quando faremos a abordagem clínica na Oficina da Vida.
Onde procurar?
Oficina da Vida
Av. Mato Grosso, nº 3.370, Bloco 4 E, Campus Umuarama (Antiga Creche), CEP: 38.405-314 – Uberlândia (MG)
E-mail: ofvida@umuarama.ufu.br
Telefones: (34) 3225-8086 e 3225-8079
Palavras-chave: Alcoolismo saúde mental janeiro branco Oficina da Vida Dirqs Progep Complexo Esportivo do Glória
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