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Podcast

A inteligência artificial não é uma questão de escolha: já está entre nós

Novo episódio do podcast “Ciência ao Pé do ouvido” reúne especialistas para discutirem os desafios e as perspectivas dos usos destas tecnologias no Brasil

Publicado em 08/07/2020 às 13:26 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52

 

Clique na imagem para ouvir o podcast (Arte: Thiago Zina Crepaldi)

 

Se você tem o costume de ouvir podcast pelo Spotify, já deve ter recebido sugestões de playlists personalizadas, por exemplo, “Os melhores podcasts da semana”. Por trás dessas recomendações automatizadas estão algoritmos que levam em consideração um milhão de podcasts registrados e o comportamento de cada um dos 286 milhões de usuários da plataforma, o que inclui programas que foram salvos, adicionados a playlists e a contagens de reprodução.

O caso citado acima é um exemplo, entre tantos outros, que evidencia a presença da inteligência artificial (mecanismos que simulam a capacidade do ser humano de pensar e resolver problemas) no nosso cotidiano, a qual não se restringe apenas ao serviço de streaming (transmissão instantânea de dados através de redes). Está em aplicativos, mecanismos de busca, serviços de reconhecimento biométrico, detecção de fraudes, nas redes sociais, diagnósticos por imagens, eletrodomésticos, chatbots (simulador de conversação) e assistentes pessoais como a Siri e a Alexia, da Apple e Amazon, respectivamente, para citar alguns.

O amplo campo de estudos dos algoritmos, que busca produzir sistemas capazes de analisar dados, surgiu pela primeira vez na Grécia Antiga. Em entrevista ao Portal Comunica UFU, em 2019, o professor da Faculdade de Computação da UFU, Paulo Henrique Gabriel, descreve em detalhes essa origem. Todo esse conhecimento acumulado ao longo do tempo, associado ao avanço da computação e à quantidade de dados disponíveis hoje, tem permitido desdobramentos cada vez mais complexos da inteligência artificial. Veja na figura abaixo.

 

A aprendizagem profunda é um subconjunto da aprendizagem de máquina, e essa, por sua vez, é um subconjunto de inteligência artificial. (Figura: BuZZrobot/Tradução: Thiago Zina Crepaldi)

 

Diante desse cenário de avanços e possibilidades, países em desenvolvimento, como o Brasil, que têm profundas desigualdades socioeconômicas, são desafiados. Por aqui, a taxa de analfabetismo funcional chega a 29%, segundo pesquisa Ibope, publicada em 2018. Uma em cada quatro pessoas não tem acesso à internet, o equivalente a quase 46 milhões de brasileiros. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação 2018, divulgada no fim de abril deste ano. 

Para o diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, considerado uns dos pais da internet no Brasil, além dessas discrepâncias, as dimensões continentais agravam as dificuldades de integração do acesso no país. “A melhor ferramenta para conexão é a fibra ótica, mas é difícil chegar em todas regiões, por exemplo, as remotas e com muita vegetação natural”, explica. Getschko destaca ainda que é importante que todos os brasileiros estejam conectados para ter acesso a informação e educação, mas faz um alerta. “Enquanto sociedade ainda não temos maturidade, cultural e emocional, para usufruir desses serviços sem sermos vítimas de potenciais crimes nesses ambientes. E isso é preocupante”, avalia.

Segundo o especialista em Direito Digital e membro do Instituto Avançado de Proteção de Dados (IAPD), José Luiz Faleiros Junior, muitas vezes a falta de clareza dos termos de uso e das políticas de privacidade dos serviços tornam factíveis as violações dos dados dos usuários. “Mais do que ter leis rigorosas, que punem crimes digitais, é preciso que nós, enquanto usuários, saibamos dos riscos dos usos dessas ferramentas”, aponta. Faleiros sugere uma solução: “É preciso educação digital, que nos conscientiza do valor dos nossos dados na sociedade da informação”.

Esses dados são bens muito valiosos, por isso tanto usuários quanto empresas podem sofrer ataques cibernéticos. É o que explica a doutora em Ciência da Computação pela Universidade de Michigan e professora da Faculdade de Computação da UFU, Alessandra Paulino. “Por mais que se tente implementar uma grande segurança, a eficácia não é cem por cento garantida. As pessoas que se preocupam com seus dados devem redobrar os cuidados”, pondera.

Outras questões rondam os rumos da inteligência artificial: chegará o tempo em que a máquina vai superar o ser humano? Quais são os limites éticos das aplicações? Como proteger as pessoas da exclusão digital?

Caro leitor, se eu tivesse acesso aos seus dados e comportamentos, agora seria o momento de lhe fazer uma recomendação sobre esta temática. Ainda assim, sabendo que você clicou nessa matéria e leu até aqui, sugiro ouvir o novo episódio do podcast “Ciência ao Pé do ouvido”, intitulado “Inteligência Artificial”. Nele, a jornalista Josielle Ingrid (Dirco) amplia essa discussão com Demi Getschko, Alessandra Paulino e José Luiz Faleiros. Os dois últimos respondem perguntas enviadas por ouvintes no quadro “Diz Aí” e o programa ainda tem dicas valiosas no quadro “Anexos”, conduzido pelo estagiário da Divisão de Divulgação Científica da UFU, Jhonatan Dias.

 

Ouça no Spotify:

 

 

Ou no Anchor:

 

 

O podcast “Ciência ao Pé do Ouvido” é produzido pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social (Dirco) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Para sugestões e dúvidas, entre em contato com a equipe: comunicaciencia@ufu.br.

 

*Thiago "Zina" Crepaldi é biólogo e estudante do curso de Graduação em Jornalismo da UFU

Palavras-chave: podcast Ciência ao Pé do Ouvido inteligência artificial

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