Publicado em 17/02/2025 às 13:34 - Atualizado em 17/02/2025 às 14:12
Até ingressar no curso técnico em Controle Ambiental na Escola Técnica de Saúde (Estes) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Isabel Pereira de Alen, 17 anos, ainda não se enxergava como uma menina da ciência. Desde a infância, conservava o desejo e a curiosidade pela pesquisa, mas a ideia de ser pesquisadora era algo distante, reservado apenas à graduação. Essa realidade mudou quando ela iniciou seus estudos na Estes, onde descobriu que também é possível fazer ciência durante o Ensino Médio.
A trajetória de Isabel nos convida a uma reflexão: é possível ser cientista ainda na escola? Se você acompanha a série Mulheres e Meninas na Ciência e leu o texto da semana passada, já sabe a resposta dessa pergunta.
Estudar e experimentar ciência em um laboratório é algo recente para Isabel. Devido ao curso técnico da Estes, integrado ao Ensino Médio, que ela cursa em outra escola, ela pôde conhecer novos espaços formativos. “Na minha escola tem os laboratórios, só que infelizmente a gente não tem acesso ou não pode manusear nada. Acho que nunca cheguei a entrar no laboratório de química e de biologia, é bem complicado”, conta a aluna. Essa falta de acesso contribuiu para que a ciência parecesse algo distante.
O espaço onde essa realidade finalmente se concretizou para Isabel foi a Estes. Durante as aulas do curso técnico em Controle Ambiental, ela descobriu que ser cientista não significa apenas fazer grandes descobertas, mas também aprender em seu cotidiano. “Eu sempre quis ser cientista, mas nunca achei que estaria ao meu alcance. Hoje em dia é uma coisa que eu fico muito feliz. Poder fazer ciência é algo que eu gosto”, destaca a estudante.
Entre as atividades realizadas no curso, a coleta de mel de abelhas, executada junto a professora Camila Junqueira, foi uma das experiências que mais marcou a estudante. A visita aos hotéis para abelhas do projeto de extensão Doces Jardins, no Campus Santa Mônica da UFU, permitiu que a aluna não apenas colocasse em prática os seus conhecimentos, mas também superasse o medo que tinha desses insetos. “Confesso que no início estava muito nervosa, mas vendo a facilidade da professora até me encorajei. Poder pegar o mel e ver como é o ninho delas foi uma experiência incrível”, conta Isabel.
Atividades como essas ressaltam como a ciência não acontece apenas em laboratórios tradicionais, mas está presente de maneira acessível de diferentes formas. Assim como Isabel, que nos concedeu a entrevista abaixo, há meninas e mulheres que descobrem seu potencial científico em experiências comuns no dia a dia da sala de aula, e você pode conhecer outras delas em nossa série.
Como você se interessou pela ciência?
Na pandemia, como a gente não podia sair de casa, eu acabei tendo o hábito de gostar de plantas. Às vezes, eu ia no mercado, ficava olhando para as plantas e pensava: acho que vou comprar uma.
Fui gostando cada vez mais, comprando e pegando mudinhas. Aí percebi que tem esse lado dos animais e das plantas que acabei gostando bastante ao longo do tempo. Eu tenho muito interesse em fazer Biologia e queria saber [com o curso técnico em Controle Ambiental] se poderia dar certo, se realmente era uma coisa que fosse para o meu futuro.
Como era a sua relação com a ciência quando você era criança?
Na realidade, quando era pequena queria muito ser veterinária, sempre gostei de animais. Só que, com o tempo, fui crescendo e pegando um pouco de medo, não dos animais em si, mas da área, porque eu acho que é uma área importante, porém, sofrida pelos casos. São muitos casos tristes, muito chocantes e eu acho que eu não me daria bem com isso.
Eu sempre pensei [em ser cientista], mas nunca foi um pensamento que eu achei que fosse se tornar realidade. Eu pensava que fazer uma descoberta deve ser muito difícil, porque tudo já foi descoberto, mas, conforme o tempo foi passando, fui percebendo que era o que eu mais gostava.
Você lembra de uma atividade que chamou sua atenção na Estes? Como foi?
O projeto da dengue com o professor João [Carlos de Oliveira] foi uma experiência muito boa, um aprendizado que eu gostei bastante. Acredito que é de extrema importância atividades assim, porque a gente tem que ter um pouco mais de conhecimento em relação ao mosquito da dengue.
Além do mais, para um assunto que todo mundo já sabe, mas muitas vezes não sabe o real problema das coisas, como, por exemplo, não saber muito bem a evolução do ovo, que depois se torna larva, depois pupa e, enfim, o mosquito da dengue. Várias coisas que a gente não observa, não presta atenção. Acho que é uma atividade muito boa e pretendo participar de muitas e poder ver esse assunto melhor.
Além da ciência, quais são seus interesses e hobbies?
Eu gosto de ler, só que, às vezes, a gente dá uma parada. Ir para academia ou fazer aula de dança, cuidar um pouco do nosso corpo é muito bom. Gosto de ver documentários, principalmente relacionados ao meio ambiente, quando falam dos impactos dos desastres naturais para a natureza, e outros documentários também de crimes e essas coisas.
Eu tenho uma camerazinha sempre, sabe? Aí, quando eu vou para um lugar, tiro foto de paisagismo, eu gosto bastante.
O que você observa sobre a presença feminina no seu curso?
Acho que a única [mulher] que vou poder citar vai ser minha professora [Camila Junqueira], porque no meu curso, infelizmente, foram poucas pessoas que entraram, então, eu não tenho tanto contato com mulheres.
Eu acredito que [precisa] incentivar um pouco mais, dar um pouco mais de liberdade para as mulheres poderem se sentir à vontade para fazer pesquisas, para explorar um pouco mais esse tipo de coisa. Eu queria muito que tivesse bastante mulheres no meu curso.
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Palavras-chave: Série Mulheres e Meninas na Ciência Escola Técnica de Saúde técnico em controle ambiental Série Mulheres e Meninas na Ciência
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