Publicado em 07/03/2025 às 08:11 - Atualizado em 07/03/2025 às 12:39
Mais do que uma data comemorativa, o "Dia Internacional da Mulher" foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 8 de março de 1975 como uma grande ação para combater as desigualdades e discriminação de gênero em todo o mundo.
No entanto, desde muito antes dessa época, as mulheres lutavam por melhores condições de trabalho e para que seus salários fossem equiparados aos dos homens. Ainda hoje, é necessário lutar para serem respeitadas no ambiente de trabalho, espaços públicos e até mesmo dentro da própria casa para que não sejam vítimas da violência ou do preconceito de gênero. Em meio a tantas adversidades, é louvável que as mulheres continuem reivindicando seus direitos e conquistem cada vez mais espaço na sociedade, almejando respeito por suas habilidades e serem reconhecidas por isso.
Para celebrar as conquistas das mulheres em diversas áreas, a Editora da UFU convida os leitores a conhecer alguns de seus livros que contam a história de personagens notáveis da nossa região para nos inspirarmos; assim como obras escritas por pesquisadoras de renome dentro da nossa universidade.
Em meio às diversas obras que compõem o catálogo da Editora da UFU, destacam-se aquelas que remontam à vida de personagens femininas que marcaram suas épocas. A seguir, vamos conhecer obras que contam a história de três mulheres que se destacaram na sociedade por razões diversas e que, por isso, entraram no imaginário da cultura brasileira.
No livro “Ser e fazer-se professora no Piauí: a história de vida de Nevinha Santos”, escrito por Jane Bezerra de Sousa, há o encontro de duas dimensões: o lembrar e o esquecer, as quais são mescladas pelas memórias do “ser e fazer-se professora”. Assim, as lembranças de determinados eventos da vida de Nevinha vêm à tona para os leitores, retirando-os de um “baú do esquecimento” no qual acabaram caindo. Ao longo da obra, a autora demonstra que é a consciência ou a percepção do indivíduo que determina o que será lembrado ou esquecido, sendo, assim, possível conhecer as memórias desta rica personagem.
Já na obra “Dona Beja: desvendando o mito”, a autora Rosa Maria Spinoso de Montandon nos apresenta à mulher de beleza rara e sensual em que a imagem de Anna Jacintha de São José - ou Dona Beja, como era chamada pelo avô, por ser “bonita como a flor do beijo” - foi criada e difundida. Dentro do cenário de uma sociedade discriminatória com relação às mulheres, que de forma maniqueísta classificou-as como santas ou pecadoras, a figura de Dona Beja emerge como um símbolo pelo qual os homens se rendiam fascinados durante o período imperial brasileiro.
Por fim, destacamos a obra “Joaquina do Pompéu: tramas de memórias e histórias nos sertões do rio São Francisco”, escrita por Gilberto Cezar de Noronha. Este livro tem como foco uma personalidade marcante da história regional: mulher, latifundiária, escravocrata, membro da elite econômica e política do centro-oeste das Minas Gerais. Joaquina do Pompéu (1752-1824) sobrevive na memória de indivíduos, grupos e categorias sociais as mais diversas, nos municípios do Alto São Francisco, por meio da memória e da lembrança, ao mesmo tempo individual e coletiva, que constitui o verdadeiro objeto de análise desta obra.
Além do resgate de histórias de grandes personagens femininas, a Editora da UFU possui obras publicadas por pesquisadoras da Universidade Federal de Uberlândia em seu catálogo. A fim de explorar a importância de se realizar ações relacionadas ao Dia Internacional da Mulher para exaltar a força feminina em diversas áreas acadêmicas, conversamos com três grandes autoras que publicaram o resultado de suas pesquisas em livros da nossa editora: Georgia Amitrano, Raquel Discini e Renata Neiva.
Georgia Amitrano é professora e atual diretora do Instituto de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia (Ifilo-UFU). É doutora em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGF-UFRJ), no qual defendeu a tese "Ecos de Razão e Recusa: uma Filosofia da Revolta de Homens em Tempos Sombrios".
“Ser mulher, pesquisadora, educadora e autora é, com certeza, uma realização. Mas, ao mesmo tempo, é uma luta, uma batalha contra todo o machismo e misoginia que ainda persiste tanto no nosso país e no mundo; principalmente na academia - não de uma forma generalizada, mas que é presente em vários aspectos dela”, defende a pesquisadora, que trabalha, principalmente, com as temáticas da política contemporânea e dos fenômenos de exclusão e apagamento. Ela destaca, ainda: “É um trabalho fundamental que leva a ciência no seu espectro mais amplo, a um patamar de mulheres sendo observadas. Porque nós sempre existimos, nós sempre escrevemos, nós sempre pesquisamos, desde os primórdios da existência humana e da escrita, mas é um patamar de reconhecimento, de reconhecimento de um trabalho, mas ele ainda é uma luta árdua contra uma série de questões.”
Pela Editora da UFU, Georgia publicou o livro “Albert Camus: um pensador em tempos sombrios”, em que expõe parte de sua tese de doutorado e que tem como objetivo trazer uma análise crítica e marcada pela atualidade do pensamento político e ético do filósofo argelino Albert Camus; que, ao longo de toda sua carreira, se comprometeu a estudar a política e a existência humana como práxis. Tanto sua filosofia quanto sua vida foram marcadas pelo engajamento político e por uma filosofia da ação.
Raquel Discini é historiadora, professora da Universidade Federal de Uberlândia e doutora em História da Educação. Tem experiência nas áreas de História da Educação e História Social da Imprensa, pesquisando principalmente sobre seguintes temas: imprensa e educação; gênero e imprensa; intelectuais da educação e imprensa; história da educação na zona pioneira paulista (região noroeste).
Na sua avaliação, o Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade fundamental para se colocar em pauta a pluralidade das experiências femininas no mundo e, ao mesmo tempo, para reafirmar a necessidade de construir espaços onde essas vozes — tão diversas entre si — possam ecoar.
“Celebrar a força feminina é também reconhecer que essa força é atravessada por questões de classe social, acesso à educação, raça, território e tantas outras condições que moldam os modos de ser mulher. É lembrar que há mulheres na linha de frente das lutas por direitos, mas também mulheres que se colocam abertamente contra essas mesmas conquistas, como as que adotam o papel de ‘mulher troféu’, ou que se inserem em relações marcadas por interesses econômicos, como no universo dos ‘sugar daddies’. Compreender sociologicamente e historicamente esses fenômenos é parte do nosso compromisso intelectual e ético, porque pensar a força feminina exige enfrentar também suas contradições e os diferentes modos de viver a experiência de ser mulher numa sociedade marcada por tantas desigualdades”, destaca a pesquisadora.
A obra de Raquel mais recentemente publicada pela Editora da UFU é “A educação entre a ética e a estética: os álbuns ilustrados paulistas (1915-1929)”, que, inclusive, foi premiada com o segundo lugar na categoria de Ciências Humanas durante o 10º Prêmio ABEU. Nela, os leitores têm a oportunidade de conhecer um tesouro documental que há muito tempo passou despercebido, uma vez que estes álbuns, frequentemente citados como fontes secundárias, são agora o ponto focal da investigação histórica. O livro explora os significados multifacetados embutidos nesses materiais impressos, lançando luz sobre seu papel na formação da história da educação em São Paulo.
Renata Neiva é mãe, jornalista, doutora em Educação e autora do livro “Pedagogias da beleza: as páginas femininas do Correio da Manhã”, o qual faz parte da coleção “História, Pensamento e Educação” da Editora da UFU.
Ela comenta que, no mês dedicado à celebração das mulheres e suas conquistas, é preciso desenvolver e divulgar ações que garantam a igualdade de direitos, de poder e de oportunidades. Além disso, Renata defende que “no mês em que discutimos profundamente os direitos das mulheres em todo o mundo, necessitamos jogar luz sobre a busca pela igualdade de gênero e apontar programas e políticas capazes de causar impactos na sociedade". E acrescenta: "Além de eliminar a violência contra mulheres e meninas, defendemos investimentos que possibilitam o acesso à educação, à saúde, ao emprego, à liderança e aos espaços de decisão.”
Em sua obra, Renata expõe os resultados de sua pesquisa realizada sobre as diversas temporalidades que se entrecruzam na narrativa sobre o corpo feminino e sua educação nos suplementos femininos do jornal Correio da Manhã. É explorada a representação deste corpo feminino em estratos de tempo superpostos: por exemplo, um passado bastante prescritivo sobre os usos saudáveis para o corpo feminino que persiste em um presente que insiste em colocar a figura feminina na primazia das recomendações e situações que se deslocam para uma projeção de futuro a ser construído a partir da observância de todos os preceitos recomendados.
Esta foi uma representação do quão amplo é o comprometimento da Editora da UFU em trazer para seu público obras sobre, escritas por e para mulheres; assim como o entendimento do 8 de março não só como data comemorativa, mas oportunidade de celebrar as conquistas e a presença cada vez maior das mulheres em projetos que exaltam sua força.
Vale ressaltar, também, que a Editora da UFU está promovendo uma campanha de descontos para livros escritos por mulheres. Mais informações e as novidades da programação do Mês das Mulheres estão disponíveis na postagem informativa presente no perfil da editora no Instagram (@edufu_oficial). Os livros mencionados nesta matéria estão disponíveis para aquisição no site ou na livraria física da Editora da UFU, localizada no Bloco 3Q do Campus Santa Mônica.
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Palavras-chave: Editora da UFU Dia internacional da Mulher Produção acadêmica
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